Marvel corta relação com desenhista bolsonarista
Na semana passada nós já havíamos relatado aqui no site todas as polêmicas que o desenhista brasileiro Joe Bennett havia colecionado aos longo dos últimos anos. E agora a Marvel parece ter tomado uma decisão definitiva sobre o artista.
Voltou a circular nas últimas semanas nas redes sociais uma ilustração feita por Joe em 2017, onde podemos ver o agora Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Bolsonaro, massacrando seus inimigos políticos, dentre os quais estão os ex-Presidentes Lula e Dilma.
E uma das principais críticas a arte, além do que já é bastante óbvio, é que durante a Segunda Guerra Mundial os judeus eram comumente associados a ratos por parte dos nazistas, sendo retratados em caricaturas com o nariz grande e outras características dos roedores.
Somado esse detalhe ao fato de Bolsonaro estar exterminando os seus inimigos políticos, o resultado não é nada agradável. Obviamente não podemos afirmar que foi essa a intenção de Joe ao produzir essa arte. Ele pode nem fazer ideia desse contexto. Mas isso não diminui a extrema infelicidade do desenho, especialmente pra alguém que já foi acusado de disseminar propaganda antissemita por meio de sua arte antes.
Lembrando que a história da Marvel foi construída por importantes personalidade judias: Stan Lee, Jack Kirby e Joe Simon, autores e artistas que co-criaram personagens como Capitão América, Homem de Ferro, X-Men, Vingadores, Quarteto Fantástico, Homem-Aranha e muitos outros.
Al Ewing, escritor que trabalhou com Bennett ao longo das 50 edições da aclamada HQ do Imortal Hulk, assim que o título encerrou postou uma carta aberta no seu Twitter falando que não trabalharia mais com o brasileiro. Clique aqui para ler na íntegra o que Ewing escreveu.
Mesmo assim, na semana passada, antes de Al Ewing expor publicamente suas opiniões sobre Joe Bennett nas redes sociais, a Marvel divulgou que Joe Bennett estaria envolvido em “Sem Tempo“, especial que será publicado no mês de dezembro nos Estados Unidos e que será protagonizado pelo vilão Kang.
Hoje, no entanto, a editora voltou atrás: anunciou que Bennett estará sendo substituído por Greg Land (X-Men) e, conforme o portal Newsarama, um porta voz da Casa das Ideias esclareceu que não estarão mais trabalhando com o desenhista em “nenhum projeto futuro da Marvel“.
Essa não é a primeira vez que a Marvel corta relações com artistas que se envolvem em polêmicas profundas envolvendo política e religião.
Em 2016, a Marvel já havia cortado relações com o desenhista Ardian Syaf após ele colocar, de maneira semelhante a Bennett, a expressão “Judeu” de forma velada nas páginas de X-Men: Equipe Dourada #1. Syaf na época também colocou referências ao confronto político que ocorria na época na Indonésia, seu país de origem, envolvendo cristãos e muçulmanos. O que obviamente incomodou a Marvel. Clique aqui para entender a polêmica de Ardian Syaf.
O desenho de Bolsonaro feito por Bennett não foi em uma HQ, foi uma ilustração divulgada em suas próprias redes sociais. Mas devido a todo o contexto exposto acima, incomodou a Marvel.
A Marvel conta no seu quadro com escritores e desenhistas com diferentes posicionamentos políticos. E todos podem se manifestar livremente nas redes sociais. Não há relatos de profissionais que foram censurados pela empresa. As exceções parecem ser quando ocorrem discursos de ódio, preconceito e incentivo a violência. Nesses casos a editora costuma conversar com o profissional de maneira pessoal (menos quando é um caso muito absurdo, dai é “justa causa” direto) e, caso haja reincidência, o vínculo profissional é encerrado e cada um segue o seu caminho.
Mas e então, caro leitor, você já estava ciente das polêmicas envolvendo o artista brasileiro Joe Bennett? O que você achou disso tudo? Deixe a sua opinião nos comentários.