Confira mais uma entrevista exclusiva do site. Dessa vez conversamos com a talentosíssima Kelly Thompson, atual escritora das revistas do Deadpool e da Capitã Marvel.
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Além da entrevista com a Kelly Thompson que você pode ler abaixo, também já entrevistamos: Marcelo Ferreira (desenhista exclusivo e brasileiro da Marvel), Levi Trindade (editor da Paninj), Scott Lobdell (escritor da Era do Apocalipse), Rod Reis (desenhista da saga Império Secreto), Leonardo Romero (brasileiro indicado ao Prêmio Eisner), Gerry Duggan (um dos maiores escritores do Deadpool), Brandon Montclare (co-criador da Moon Girl) e Rodney Barnes (escritor da HQ do Falcão).
A Kelly Thompson é uma jovem escritora americana que assinou em 2017 contrato de exclusividade com a Marvel. Ela tem colecionado grandes trabalhos na editora, sempre se destacando bastante pela qualidade.
No seu currículo na Marvel constam as seguintes HQs: Capitã Marvel, Força-V, Gaviã-Arqueira, Vingadores da Costa-Oeste, Capitã Phasma (Star Wars), Vampira & Gambit, Sr. e Sra. X e Jessica Jones.
Thompson foi duas vezes indicada ao Eisner, em 2018 e em 2019. Em 2018 foi na categoria Melhor Série Contínua com a revista da Gaviã Arqueira e em 2019 na categoria Melhor Roteirista, pelo seu trabalho em Jessica Jones, Sr. e Sra. X e Vingadores da Costa-Oeste.
Agora que vocês estão devidamente apresentados, vamos para a entrevista:
JAMESONS: Kelly, você é uma escritora razoavelmente nova no mercado e já teve múltiplas indicações ao Eisner. Como tem sido essa transição da Kelly Thompson leitora e fã para a Kelly Thompson escritora de destaque da editora?
KELLY THOMPSON: Eu me sinto incrivelmente sortuda. De certa forma, demorou um bom tempo para que eu chegasse até aqui, mas também parece que foi um como um turbilhão – eu trabalhei muito, mas também tive muita sorte – e é um sentimento incrível ter pessoas que curtam o meu trabalho e o valorizem.
JAMESONS: Ouso dizer que você é uma das melhores escritoras da Marvel que eu já vi abordar relacionamentos. Eu simplesmente fiquei encantado lendo Vampira & Gambit e depois Sr. E Sra. X.. A mesma dinâmica envolvente você demonstrou em títulos como a Gaviã Arqueira, Vingadores da Costa-Oeste e Jessica Jones. Qual é a sua inspiração? Qual o teu segredo para desenvolver tão bem os casais?
KELLY THOMPSON: Muito obrigada, isso é um mega elogio. No meu trabalho, eu sempre começo com os personagens, então eu acho que isso ajuda. Eu tento sempre abordar os personagens de forma natural, tentando tocar em algo que as pessoas possam se identificar, o que acho que ajuda a fazê-los parecer pessoas reais, com problemas similares (talvez um pouco mais empolgantes) que os nossos.
JAMESONS: Brian Michael Bendis foi um dos, se não o maior escritor da Marvel nas duas últimas décadas. Ele foi para a DC mas deixou pessoalmente um dos filhotes dele para você cuidar, a Jessica Jones. Como foi para você receber esse projeto? E poderia nos contar um pouco dos bastidores sobre como Bendis te convidou para escrever a HQ?
KELLY THOMPSON: Foi uma honra receber a Jessica Jones do Brian. Ela é uma das minhas personagens favoritas e o Brian é um dos meus roteiristas favoritos, então quando ele me chamou com a oferta do livro, aquilo foi um dos melhores momentos da minha carreira.
JAMESONS: Você já comentou nas suas redes sociais sobre o desgaste de escrever muitas revistas em um mesmo mês. Você entende que o ritmo intenso dos quadrinhos mainstream acaba sendo prejudicial para a qualidade das histórias? Qual o seu pensamento sobre isso?
KELLY THOMPSON: Eu acho que muitos de nós, especialmente os que são mais novos no mercado e são sedentos por oportunidades, com medo de que elas se esgotem, estamos suscetíveis a aceitar muitos projetos. E é natural. Mas você acaba aprendendo do jeito difícil o que é muita coisa. E, sim, não ter tempo o suficiente para recarregar as energias pode levar a um esgotamento. E trabalhar muito e em um ritmo acelerado pode prejudicar as histórias se você não tem mais espaço no seu cérebro para deixa-las se desenvolver organicamente.
JAMESONS: O atual arco da Capitã Marvel, quando ela é vista mais como uma alienígena do que humana, me lembrou bastante a discussão sobre o Superman ser um imigrante. Como a Carol ganhou recentemente uma nova origem a estabelecendo com meio alienígena, você pretende explorar essa repaginada? Será que veremos mais da família materna dela?
KELLY THOMPSON: Definitivamente teremos mais sobre isso ao longo do tempo, e com certeza tem alguns assuntos Kree vindo aí para a Carol. Mas tenho que admitir que, por ora, eu estou mais interessada em explorar como essas mudanças afetam a Carol no seu dia-a-dia. Em mostrar como ela consegue ser diferente e a mesma pessoa que ela já era.
JAMESONS: Você recentemente foi anunciada como a nova escritora do Deadpool. Cada escritor costuma trazer algo bastante particular para as histórias do Wade. Joe Kelly enchia de referências (mas como brasileiro, vou te confessar que encher de referências americanas é algo complicado para compreendermos), Daniel Way criou a voz na sua cabeça, Gerry Duggan foi o meu preferido, escrevendo um enorme drama com pitadas de humor e Skottie Young optou por algo mais descompromissado, sem uma trama a longo prazo.
A minha pergunta é: o que você está preparando para o título? Sei que você não pode revelar nada sobre a trama, mas gostaria de saber como será a sua visão do personagem no título.
KELLY THOMPSON: Eu sou adepta da corrente de pensamento que diz que a comédia no Deadpool só funciona como uma máscara para tragédia. Toda a razão pela qual o Wade é do jeito que ele e, é porque ele usa a comédia como um mecanismo de defesa. Então para fazer o “engraçado” funcionar, você também precisa mostrar o trauma, a tragédia, e a dor que ele está tentando esconder. Então esperem algo nesse estilo. Estamos construindo uma história bem grande centrada em ter o Deadpool encontrando novos e inesperados chamados para a vida. E muitos monstros. Mas com os monstros também surgem algumas questões existenciais para o Wade, sobre o que define um monstro e se ele é um. E se ele for, isso é algo ruim? Então, sim, muito drama, e piadas, e socos. E alguns bebês de tubarões terrestres também!
JAMESONS: Entrevistamos ano passado o desenhista Leonardo Romero, que é daqui do Brasil e que foi indicado ao Eisner contigo pelo trabalho com a Gaviã Arqueira. Ele te encheu de elogios. Como foi trabalhar com o Leonardo? Vocês chegaram a conversar sobre o Brasil? Você não pretende vir para algum evento aqui um dia?
KELLY THOMPSON: Eu simplesmente adoro o Leo. Ele é insanamente talentoso e um colaborador maravilhoso. Tenho muito orgulho do que fizemos juntos em “Gaviã Arqueira” e eu não poderia ter feito nada disso sem ele. Eu ficarei a minha carreira inteira tentando trabalhar com ele novamente! Sobre vir para o Brasil, eu não costumo comparecer a convenções, mas talvez algum dia!
JAMESONS: A propósito, até o momento o seu título da Gaviã Arqueira não foi publicado no Brasil. As revistas escritas por Matt Fraction e Jeff Lemire todas foram lançadas. E justo esse volume que foi indicado ao Eisner e que conta com um desenhista brasileiro, está sendo ignorado. Se importaria de aproveitar o espaço e fazer coro com os fãs brasileiros e pedir para que a Panini Comics, a editora responsável por publicar as revistas da Marvel e da DC no Brasil, lance o material aqui?
KELLY THOMPSON: Nossa! Eu não sabia que não tinham publicado a revista aí – eu pensei ter visto algumas edições brasileiras da HQ. Que triste. Então, sim, eles definitivamente deveriam publicar o gibi no Brasil, especialmente porque aí é a casa do Leo! Espero que aconteça!
JAMESONS: Para finalizar, não estamos fazendo uma pergunta, mas um pedido. Se você souber para qual editor devemos enviar essa solicitação, nos avise que faremos um abaixo assinado (risos).
Mas nós queremos ver você escrevendo a Mulher-Hulk. A última revista de alto nível da personagem já tem mais de 10 anos, foi nas mãos de Dan Slott. Jeniffer Walters merece histórias com alto-astral, energia e personalidade e achamos que você seria a escritora ideal para isso. A propósito, estamos muito felizes com as aparições dela na HQ da Capitã Marvel.
KELLY THOMPSON: Eu adoraria escrever uma história da Mulher-Hulk. Definitivamente é um projeto dos sonhos e eu acho que a Marvel tem plena noção disso! Eu amei escrever a Jen em Força-V e tenho tentado enfiar ela em outros projetos sempre que posso – Capitã Marvel quando funciona, e até em uma edição de Jessica Jones!
Essa foi a nossa entrevista com a Kelly Thompson. O que você, achou, caro leitor? Quer ler mais entrevistas no site? Deixem sugestões de escritores e desenhistas cujas entrevistas vocês gostariam de ler. Nos esforçaremos para buscar contato com esses profissionais.
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