Estreias de 2017 na Marvel que você não pode deixar passar
2017 chega ao fim e nos despedimos de um dos anos mais interessantes para a Marvel. Histórias polêmicas, decisões criativas um tanto questionáveis e várias mudanças nos rumos que histórias e personagens tomaram. Em meio a tudo isso, tivemos várias estreias que fizeram o ano valer a pena e que você não deveria deixar de ler.
ALL-NEW GUARDIANS OF THE GALAXY
Gerry Duggan ficou responsável pelo relançamento dos Guardiões após a passagem de Brian Bendis. O escritor de Deadpool vem mostrando incrível habilidade em conduzir as histórias e o time, apesar dos meses de publicação quinzenal que, em alguns casos, atrapalham o ritmo da história. Não foi o caso de Duggan que, utilizando de elementos novos e antigos do cosmo da Marvel, vem construindo uma narrativa interessante, coesa e que extrai o melhor de cada personagem, cenário e sub trama. Apesar das baixas vendas que o título enfrentou após as três primeiras edições, a história seguirá sob uma série de one-shots e o evento envolvendo as Jóias do Infinito.
ASTONISHING X-MEN
Após anos à frente da franquia dos Inumanos e mesmo com o backlash da internet em relação a seu roteiro em Inumanos vs. X-Men, Charles Soule ficou responsável por um dos títulos mutantes de 2017. E, uma vez livre das imposições que (presume-se) sofria em sua época nos inumanos, Soule tem escrito uma das mais interessantes revistas da franquia. O cenário principal é um plano psíquico e ilusório, o que se reflete na narrativa e é apresentado de forma muito interessante por Soule. O autor não perde tempo tentando criar momentos “épicos” ou demonstrações absurdas de poder para os protagonistas, preferindo movê-los pela trama tais quais peças de xadrez. Esta decisão tem se provado acertada, particularmente levando em conta o personagem que tem manipulado os X-Men dentro da história e ajuda a manter o roteiro dinâmico. Astonishing X-Men entra em seu segundo arco, Um Homem Chamado X, em janeiro de 2018 e terá um último arco após este no mesmo ano.
BLACK BOLT
Levando em conta as diferenças entre livros e gibis quanto à forma de escrita, não é surpreendente ver um escritor do primeiro ter alguns problemas na transição para o segundo. Felizmente, não foi o caso de Saladin Ahmed, escritor da primeira mensal do rei inumano. Black Bolt tem sido, consistentemente, o melhor título da iniciativa ResurrXion e até classificado por alguns sites como o “Vision” de 2017. A revista que começou como uma proposta de história para o Homem-Absorvente (que é um coadjuvante e aqui e está melhor escrito que nunca) surpreende a cada edição. Ahmed escolheu um tom mais intimista para Raio Negro, concentrando-se em usar situações para extrair do personagem o que o faz funcionar, a visão que ele tem de si mesmo e do mundo ao seu redor em vez de demonstrações ocas de poder.
Isso não significa, no entanto, que a revista é pobre em cenas de ação, muito pelo contrário, mas precisa-se apreciar como o escritor brilha nas interações, nos conflitos internos e externos e em desenvolver arcos excelentes tanto para o protagonista quanto para os coadjuvantes. Vale também destacar a arte de Christian Ward, que vem fazendo constantemente um trabalho belíssimo e tem um estilo ideal para a trama. Black Bolt segue no mínimo até março de 2018, sendo o mais duradouro dos títulos dos inumanos pós ResurrXion.
DEFENDERS
Anos atrás, Brian Michael Bendis introduziu uma nova abordagem aos Vingadores e foi um sucesso estrondoso. Em anos recentes, salvo raras exceções, o escritor tem sido jogado em revistas que não favorecem seu estilo de escrita. Felizmente, a editora tomou a acertada decisão de em 2017 dar-lhe um projeto que há tanto queria. Os Defensores, com a mesma formação da série da Netflix, é um caso em que o escritor exibe constantemente as qualidades que o fizeram um sucesso em primeiro lugar.
Os diálogos e a narrativa de Bendis casam perfeitamente com o grupo de heróis urbanos e o cenário das ruas de Nova Iorque, onde os inimigos são chefes do crime e o foco dos protagonistas é defender as ruas em vez algo maior que deveria ser. David Márquez, parceiro de Bendis em outras ocasiões, entrega seu máximo na arte de Defenders, com sequências de painéis verdadeiramente espetaculares e que complementam maravilhosamente o roteiro. Não sabemos quando termina Defenders devido aos recentes problemas de saúde de Bendis, mas a série se concluirá em 2018, como o autor deseja antes de sua saída para a DC Comics.
MOON KNIGHT
Apesar de apenas três edições publicadas em 2017, o vocalista do Say Anything, Max Bemis tem se mostrado tão apropriado para o Cavaleiro da Lua quanto seu antecessor Jeff Lemire. A história adota elementos da abordagem psicológica de Lemire, mas os traz para o mundo físico e mostra como a experiência anterior mudou Marc Spector. A nova fase começa com uma narrativa inquietante, segue mostrando como Spector tem mudado e enquanto avança cria cenas de impacto que não passam uma sensação de vazio ou de serem criadas meramente pelo choque, mas para adicionar à história que é construída. Se o pouco material que temos por Bemis até agora for indicativo de algo, podemos ficar otimistas em relação ao futuro de Marc Spector ao longo de 2018. O arco atual, Crazy Runs in the Family, segue no mínimo até março de 2018, ainda com Bemis e o artista Jacen Burrows.
RUNAWAYS
Outro caso de sucesso na transição da prosa para os quadrinhos, Rainbow Rowell recebeu o encargo de trazer de volta os Fugitivos na esteira da série do Hulu que chegou em 2017. Apesar do peso de carregar um título e personagens criados originalmente pelo multi premiado Brian K. Vaughan, Rowell tem se saído bem e faz valer a pena a confiança que a Marvel e os leitores depositaram nela.
O novo título não é uma festa de nostalgia que ignora o desenvolvimento que os personagens receberam nos últimos anos, pelo contrário: Rowell reconhece que os personagens cresceram e passaram por muita coisa para simplesmente retomar a vida de fugitivos tentando correr do legado de seus pais. O tempo passou de várias formas para os protagonistas e a percepção de que talvez seja simplesmente hora de seguir em frente vem forte e talvez até dolorosa. Runaways segue em 2018, com o primeiro arco encerrando em fevereiro e o início do novo em março.
MENÇÃO HONROSA: NOVA
Nova teve sua estréia em dezembro de 2016 e, portanto, a maior parte de suas edições foi publicada em 2017 e por isso entra como menção honrosa (o que talvez não fosse necessário, mas é irrelevante agora). Jeff Loveness e Ramón Pérez foram os responsáveis por escrever e ilustrar a aguardada reunião entre Richard Rider e Sam Alexander e entregaram um verdadeiro presente aos fãs de ambos os personagens. A dupla mostra um entendimento e respeito impressionantes tanto por Rich quanto por Sam e os escreve como personagens tão humanos, cheios de falhas e problemas mas ao mesmo tempo transbordando carisma.
De um lado vemos o veterano de guerra que é Rich, desgastado pelas lutas no espaço e traumas que o acompanharam neste e em outro universo. A culpa de sobreviver, a sensação de que talvez não tenha feito suficiente e a estranheza que é voltar à vida num universo que seguiu em frente sem ele o acompanham na história inteira. Do outro, Sam, que passa pelos problemas típicos de um adolescente que mal consegue chamar uma colega para sair e tem que equilibrar sua vida pessoal com as responsabilidades de Nova. O relacionamento dos dois, apesar de brevidade do título, é desenvolvido de forma cativante e é a força que carrega o título. Somando o roteiro com a arte de Ramón Pérez, Nova foi um dos mais subestimados títulos recentes da Marvel e uma das mais tristes vítimas de um cancelamento prematuro.
2017 trouxe boas estreias, continuações de bons trabalhos e encerramentos de ótimos runs. Esperemos ver, em 2018, um ano que traga publicações tão ou mais interessantes que 2017 trouxe.