A morte de personagens como elemento chocante é um artifício que foi tão usado nos quadrinhos, tanto da Marvel quanto da DC, que banalizou e já virou piada entre os fãs. Jordan White, atual Editor-Senior das revistas dos X-Men, falou sobre o assunto em entrevista para o portal AiptComics.
Apenas para uma contextualização, atualmente, nas HQs mutantes, o escritor Jonathan Hickman estabeleceu os protocolos de ressureição. Os mutantes, que vivem na nação de Krakoa, desenvolveram um sistema por meio do qual conseguem ressuscitar mutantes mortos. Ou seja, a morte não é mais um problema. Todos podem voltar à vida. Clique aqui para entender os protocolos em detalhes.
Dito isso, pessoal do Aipt comentou com White sobre como o Cifra, um mutante que foi morto na década de 80 e ressuscitado lá por 2008, tem alçado um surpreendente protagonismo nas atuais HQs. Sobretudo na saga Inferno. E nada disso aconteceria se ele ainda estivesse morto.
E levando em conta como nos últimos anos a Marvel matou muitos mutante, eles questionaram o White se exemplos como o do Cifra mudaram a visão do editor sobre a forma como se usa a morte nas histórias.
A resposta é muito interessante para termos uma noção da perspectiva editorial da Marvel sobre o tema. Confira abaixo a resposta de Jordan White na íntegra:
Jordan White: “Eu não diria que mudou meus pontos de vista. Eu diria que é uma reação de Jonathan e do resto de nós. Antes de continuar com isso, quero fazer uma observação importante, eu ouvi muitas pessoas comentarem e falarem como “Antes de Jonathan aparecer, os personagens estavam todos morrendo.” Isso não aconteceu do nada – sabíamos que teríamos ressurreições. Jonathan está trabalhando nessa história há muito tempo.
Então, quando Matt Rosenberg começou sua corrida depois de “A Queda dos X-Men”, onde as coisas estavam ficando muito sombrias e os personagens estavam morrendo, fizemos isso com total conhecimento de que estávamos prestes a ressuscitá-los. Nós não teríamos matado tantos personagens se não soubéssemos que eles voltariam alguns meses depois.
Isso teria sido uma má ideia porque estaríamos tirando os personagens do tabuleiro sem motivo. Entramos dizendo a Matt: “Aqui está o que vamos fazer, então vamos nos preparar para isso”. E eu falei muito sobre como para mim, essa corrida representa o fim da era de extinção dos X-Men. Então eu acho que foi tematicamente bom e importante tirar o último suco disso – a dureza dos mutantes sendo uma espécie em extinção e a tragédia sempre nos atinge. Estávamos torcendo as últimas gotas tristes daquele trapo antes de saber que estávamos prestes a reformulá-lo.
Então Jonathan entrou – não por causa da corrida de Matt, mas por causa dos muitos, muitos anos de quadrinhos antes disso – a morte perdeu sua potência. Quando foi a última vez que um personagem ficou morto? Quase nunca. Quero dizer, essa foi uma das coisas – em um ponto nós estávamos tipo, “Quem são os grandes personagens que podemos trazer de volta?” E a resposta foi tipo, não tem muitos. Nós já trouxemos de volta todos aqueles pelos quais as pessoas estavam realmente clamando, o que é parte da razão pela qual foi útil matar personagens novamente.
Mas a ideia era que a morte já era meio que um falso drama porque quando você mata um personagem de quadrinhos, pré-ressurreição, na maioria das vezes, já vem com o leitor pensando: “Bem, vamos ver quanto tempo isso dura”.
Quer dizer, não sei se você se lembra de quando Banshee morreu. Foi antes de eu estar na Marvel. Ele morreu e a reação de Siryn, sua filha, foi: “Bem, ele vai voltar, vai ficar tudo bem”. E isso foi jogado como uma espécie de tragédia estranha e outros enfeites. Mas nós, como leitores, entendemos por que ela se sentiu assim, porque é o que acontece com a gente, certo? Quem morreu e assim ficou por um longo período? Você costumava ter exemplos. Bem, Bucky permaneceu morto – Mas não está mais. Bem, Jean Grey – Também não está mais morta.
AIPT: Até Gwen Stacy – há uma versão alternativa muito popular de Gwen balançando por aí.
Jordan: Então Jonathan estava fazendo uma coisa que ele gosta de fazer, que é dar um curto-circuito nesse argumento – virar de cabeça para baixo ao invés de aceitar isso. E, novamente, ele falou muito sobre como isso é parte do motivo pelo qual ele coloca as páginas de dados nas HQs, certo? É para atrapalhar a leitura de uma história em quadrinhos, para atrapalhar a maneira como seu cérebro pensa: “Bem, eu tenho quatro páginas restantes, então eu sei muito bem o que vai acontecer na próxima página.” Então ele fica tipo, “Oh, adivinhem? Aqui está um texto, aqui está um diagrama que você não esperava”, e agora seu ritmo está fora de controle e você não sabe o que vai acontecer a seguir. Então ele estava meio que dizendo: “Vamos dar um curto-circuito nessa coisa toda de personagens que vão morrer e eles vão voltar”. Não é problema nenhum, eles podem morrer e voltar e está tudo bem.
E é complicado por algumas mecânicas e regras específicas que acho que o tornam super interessante. Mas sim, foi muito mais uma reação ao tipo de cansaço desse dispositivo. Agora, tendo dito isso, deixe-me dizer, eu não estou lançando críticas a outros livros – se seus livros têm um personagem que morre. Acho que está bem claro que aproveitamos ao máximo o fato de que eles voltarão. Provavelmente mais X-Men morreram nos últimos dois anos do que já morreram no universo Marvel. Na verdade, esse foi um grande componente da revista Caminho de X – toda a ideia de que você vai pensar sobre a vida e a existência de forma diferente por causa disso. E eu acho isso fascinante. E acho que ainda há muitas histórias a serem espremidas a partir disso.“
Essa foi a perspectiva editorial de Jordan White. É muito interessante ver como a Marvel chacoalhou o status quo, eliminando a morte da equação e fazendo com que o drama das histórias não gire mais apenas em torno da morte. Os escritores vão precisar ser mais criativos para prender os leitores com roteiros mais elaborados.
Mas e então, caro leitor, também estava cansado das eternas mortes e ressureições? Gostou dos protocolos de Krakoa? Deixe a sua opinião nos comentários.
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