Artista brasileiro critica a Panini por falta de crédito nas HQs

Tomou as redes sociais na última semana uma polêmica envolvendo o colorista brasileiro Marcio Menyz e a editora Panini, a empresa responsável pela publicação dos quadrinhos da Marvel no Brasil. A questão envolve os créditos das equipes criativas responsáveis pelas histórias.

Tudo começou quando o Marcio publicou nas suas redes um comparativo da revista mensal do Homem-Aranha nos Estados Unidos com a do Brasil. Na versão estadunidense, como colorista, ele é creditado na capa, junto do escritor, desenhista e arte-finalista, além claro de ser devidamente mencionado no interior da HQ. Foram 4 nomes creditados na capa.

O mesmo não ocorreu na versão brasileira. A Panini manteve o nome do Márcio no interior da publicação, mas o removeu da capa. No lugar do nome do Marcio e do arte-finalista Scott Hanna, a Panini colocou o do escritor Dan Slott e do desenhista Martin Coccolo. Ou seja, também foram creditados 4 profissionais.

O colorista ainda argumenta que não é a primeira vez que o seu nome foi preterido de uma capa aqui no Brasil.

E aqui cabe uma breve contextualização sobre como funcionam as publicações mensais no Brasil para que todos possam entender a situação.

Nos Estados Unidos as revistas mensais tem 22 páginas. Já aqui no Brasil, por ser um mercado muito mais enxuto, a Panini trabalha com o formato mix, que é basicamente juntar de duas a sete revistas de 22 páginas em uma única revista mais gordinha.

É por isso que a versão nacional de O Espetacular Homem-Aranha #1 conta com a citação de duas equipes criativas, diferente da versão original que menciona apenas uma.

A crítica do Marcio Menyz é que a Panini, ao remover o nome dos coloristas, não está valorizando a categoria profissional dos coloristas. E verdade seja dita, é um completo desprestígio da editora com o Marcio, que é um dos principais artistas brasileiros em atividade na Marvel e que está colorindo a principal revista do Homem-Aranha. Faltou tato por parte da empresa.

Entramos em contato com a Panini questionando o motivo do nome do Márcio ter sido removido e a justificativa da editora foi o seguinte: “A editora segue padrões estabelecidos internacionalmente pela empresa, que leva em conta o tamanho do time criativo envolvido e o espaço disponível na capa, que por vezes apresenta limitação, sobretudo aquelas que reúnem mais de uma história original (os chamados mix). De forma mais comum, roteiristas e ilustradores são inseridos nesse espaço“.

Em outras palavras, a argumentação da Panini diz que os créditos não foram dados ao Márcio na capa pois, se o fizessem, teriam de creditar outros coloristas envolvidos na HQ. E a Panini não negou créditos apenas aos coloristas. Segue a lista de artistas envolvidos em Homem-Aranha #1 e que não foram creditados:

Brian Reeber (coloristas), Alex Segura (escritor), Caio Majado (desenhista), Karla Pacheco (escritora), Pere Pérez (desenhista), Dustin Weaver & D. J. Bryant (contadores de história) e o Márcio Menyz (colorista). A empresa escolheu quatro nomes que entende ser os principais e ignorou os demais.

Com todas essas pessoas precisando ser creditadas na capa da revista, faz sentido o argumento da Panini de que devido ao tamanho do time criativo e limitação de espaço, tiveram de optar por cortar alguns nomes, né? 12 nomes é muita coisa para uma capa só.

O problema é que X-Men #40, revista publicada em maio de 2022, também em formato mix e também com uma extensa equipe criativa, a Panini enumerou 12 profissionais na capa. Entretanto, todos os coloristas foram ignorados. Exceto o brasileiro Rod Reis, mas pelo fato dele ser colorista e desenhista da HQ.

O que nós podemos entender com isso? Teria dado para colocar o nome do Marcio na HQ. Assim como o nome de todos os demais profissionais envolvidos na revista. Os nomes não foram postos por uma decisão da editora.

Apesar disso, a Panini informa também que “está atenta ao tema e reforça o compromisso de valorizar os artistas que formam os times.” Nós conversamos com o Márcio e ele nos confidenciou que após ele oficializar uma reclamação nas redes sociais da editora, a Panini pediu o seu e-mail para entrar em contato. Mas hoje, dia 16, quase 2 dia e meio após o Marcio expor a situação nas suas redes sociais, ninguém da editora entrou em contato com ele.

E é importante destacar aqui que esse não é uma pauta apenas do Marcio. É de toda a categoria dos coloristas que exigem, merecem e precisam de mais reconhecimento. Abaixo deixo uma thread onde ele explica em detalhes a importância desses profissionais:

Ok, mas qual é a solução para o problema? Em casos de revistas com equipes criativas enxutas dá para listar todo mundo. Mas em HQs com mais de 12 profissionais envolvidos? Listar todos na capa, formando uma enorme tripa? Realmente, talvez fique feio e deva ser evitado. Mas simplesmente excluir os coloristas, profissionais de extrema importância para os quadrinhos, não me parece a solução.

Talvez o ideal seja, para equipes criativas extensas, listar todo mundo apenas no interior da HQ, como a própria Marvel faz hoje em dia. E abaixo trago a imagem divulgada pela Panini mostrando que o Marcio foi devidamente creditado no interior da publicação, seu nome não consta “apenas” na capa:

Mas e então, caro leitor, o que você achou disso tudo? Também acha que os coloristas merecem mais reconhecimento? Deixe a sua opinião nos comentários.

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