O Wolverine está de volta. Mas quem se importa?
Foi lá em 2014 que a Marvel pegou todos os leitores de surpresa e anunciou a minissérie “A Morte do Wolverine“. A editora escolheu o roteirista Charles Soule (Demolidor) para contar a última aventura do Logan. A história em si não foi ruim, mas também não fez justiça ao hype. Mas agora, cerca de quatro anos depois, ele está voltando.
A bem da verdade é que lá em 2014 a Casa das Ideias não sabia o que fazer com o personagem. Durante a Nova Marvel!, o escritor britânico Paul Cornell (Capitão Britânia e MI-13) assumiu as redes da mensal do carcaju e fez um trabalho bastante medíocre, pra não chamar de fraco mesmo.
O ponto mais polêmico foi que o personagem perdeu o seu fator de cura, o que logo na sequência serviu de argumento para que Charles Soule o matasse. Na história, após um último confronto com os responsáveis pelo Projeto Arma X, o mutante é banhado por adamantium liquido, que logo enrijece e o prende para sempre dentro de uma estatua impenetrável.
A história foi tão “qualquer coisa” e sem propósito, que ninguém pareceu se importar. Logo na sequência foram lançadas minisséries como “A Morte do Wolverine: Programa Arma X“, “A Morte do Wolverine: O Legado de Logan” e “Wolverines“.
As três minis exploravam ao máximo a morte do personagem e também brincavam com a questão de quem iria assumir o seu legado. Estavam no páreo o Daken (seu filho), Dentes de Sabre (invertido devido a saga EIXO), X-23 (sua filha), a Mística, Lady Letal e até o Deadpool.
Após todas essas histórias bastante fracas, veio a saga Guerras Secretas e então a Marvel finalmente pareceu encontrar uma solução digna para a ausência do personagem. Trouxe o Velho Logan para o presente, o que em um primeiro momento se mostrou um acerto, pois a dupla criativa Jeff Lemire (Cavaleiro da Lua) e Andrea Sorrentino (Império Secreto) fizeram um grande trabalho com o personagem. Mas foi apenas os dois saírem da HQ que a sua presença na continuidade principal da Marvel perdeu completamente o sentido.
Aos fãs do velho Logan, não me xinguem. Apenas façam o exercício: o que o Velho Logan hoje tem de diferente do Wolverine tradicional? Transformaram o idoso na versão jovem. Ele tem vitalidade e o fator de cura ainda é bastante eficiente. Nem os traumas das suas perdas são mais explorados de forma eficiente.
Em contrapartida, a Novíssima Wolverine, Laura Kinney, honrou com louvor o manto do pai. O roteirista Tom Taylor (Injustice) fez um trabalho tão bom, que recebeu um segundo trabalho na franquia, a revista X-Men Red. Mas como alegria de pobre dura pouco, quando a editora finalmente acertou com a Laura, resolveu trazer o Wolverine clássico de volta.
Logan deu as caras pela primeira vez desde a sua morte em outubro de 2017, no especial Marvel Legacy. Nenhuma explicação foi dada sobre o seu retorno, mas em abril começaram a ser lançados uma série de especiais chamados “A Busca por Wolverine“.
Se por um lado ninguém se importou com a morte do personagem, agora que ele está voltando ninguém parece estar dando bola também. A Laura representava muito bem o seu legado e se alguém quisesse ver um Logan estripando pessoas, bastava procurar o Velho Logan.
A Busca por Wolverine
Essa história teve origem em um especial escrito por Charles Soule, o mesmo responsável pela sua morte. Os Carniceiros descobriram o local onde os X-Men estavam mantendo escondido a estatua de adamantium com o corpo do Wolverine. A missão deles era de roubar o corpo do mutante.
Acontece que ao chegarem lá são interceptados pelos X-Men de Kitty Pryde. Eles ainda conseguem explodir a estatua e se surpreendem ao descobrir que ela estava vazia, o corpo de Logan não estava preso ali dentro.
Então em flashback descobrimos que logo após a morte do herói, Ciclope, Kitty, Tempestade, Colossus e o Fera estavam decidindo o que fazer com ele. Pryde utilizou o seu poder para retirar Logan de dentro da estatua e o enterraram como uma pessoa normal. Mas deixaram a estátua intacta como uma homenagem/memorial.
Acontece que Kitty vai visitar o túmulo verdadeiro do Wolverine e teve um pressentimento ruim. Ela chama os demais X-Men, eles violam o túmulo e descobrem que o mutante canadense não está mais enterrado.
Ele ressuscitou? Roubaram o corpo? Fera jura por tudo o que é mais sagrado que fez todos os testes e tinha 100% de certeza que ele estava realmente morto. A única dica que nós, leitores, recebemos, são algumas páginas com um Wolverine vivo matando um homem.
Onde ele está? Como voltou? Quem ele está matando? Quem é a pessoa que está com ele? São todos mistérios que ainda vamos descobrir.
A partir daí, Kitty Pryde organiza grupos para investigar o paradeiro de Wolverine. Isso vai gerar 4 minisséries distintas, cada uma apostando em um gênero diferente.
1. Hunt for Wolverine: Weapon Lost. Terá roteiro de Charles Soule (Demolidor) e arte de Matteo Buffagni (Demolidor), será uma história de detetive/noir. Na aventura vamos acompanhar Demolidor, Misty Knigth e outros personagens urbanos procurando pelo Wolverine.
2. Hunt for Wolverine: Adamantium Agenda. Os roteiros serão de Tom Taylor (X-Men Red), com arte de R.B. Silva (X-Men Gold). A HQ será um conto de ação/aventura. Aqui quem vai estar investigando o paradeiro do Wolverine serão os seus ex-colegas de Vingadores: Homem de Ferro, Luke Cage, Jessica Jones e Homem-Aranha.
3. Hunt for Wolverine: The Claws of Killer. A roteirista será Mariko Tamaki (Mulher-Hulk) e as ilustrações serão de Bucth Guice (Capitão América). A proposta da mini é ser uma história de terror. Os protagonistas aqui serão Lady Letal, Dentes de Sabre e Daken.
4. Hunt for Wolverine: Mistery in Madripoor. O escritor será Jim Zub (Campeões) e o desenhista Thony Sillas (X-Men Gold). E aqui teremos um romance sombrio. As X-Women estarão procurando pelo Wolverine: Tempestade, Jubileu, Psylocke, Kitty Pryde, Dominó e Vampira.
Após a conclusão de todas essas histórias, provavelmente teremos um retorno definitivo do personagem. A Laura voltará ao status-quo de X-23 (mesmo isso não fazendo sentido) e as apostas são de que o Velho Logan em breve estará de partida também.
Tanto a morte quanto o retorno do Wolverine poderiam ser histórias incríveis, se a editora não estivesse exageradamente preocupada em capitalizar em cima. São muitos tie-ins que até podem ser bem escritos, mas que devem servir apenas de enrolação até o retorno definitivo. As vezes menos pode significar mais, uma história simples e bem contada ainda tem o seu charme.