Todo mundo sabe que os mutantes, no Universo Marvel, servem como uma grande metáfora para comunidades historicamente oprimidas do mundo real. E uma nova HQ da Marvel foi para além da metáfora!
Nas décadas passadas a metáfora mutante estava mais ligada na questão racial e hoje mais com a comunidade LGBTQIA+. Apesar disso, sempre tivemos mais personagens brancos e heteros do que negros e não heteros nas histórias em quadrinhos mutantes.
É até uma piada já entre os leitores de que, muitas vezes, tem mais personagens azuis do que negros nos X-Men. Mas, uma história nova dos mutantes botou o dedo na ferida e abordou: e se os mutantes forem realmente pessoas negras?
A HQ se chama Bishop: War College e conta com roteiro de J. Holtham e arte de Sean Damien Hill. E já na composição equipe criativa fica evidente que ela tem tudo para ser uma obra diferenciada. Roteirista e artista negros contando a história de um herói negro em uma comunidade negra.
Na trama, o herói Bishop acaba indo parar em uma realidade alternativa, a Terra 63, onde os mutantes são negros e os humanos brancos. Uma especulação é que a o número 63 não tenha sido uma escolha aleatória. Talvez faça referência a Marcha Sobre Washington que ocorreu em 1963, reuniu mais de 250 mil pessoas e foi liderada por Martin Luther King Jr. e, dentre outras demandas, pedia o fim da segregação racial nos EUA.
Abaixo trago trechos do relato do Professor X, dessa realidade, falando sobre a trajetória mutante nesse novo mundo:
“A jornada até aqui foi longa. E difícil. Mas estamos aqui. Nós conseguimos. Quando abri minha escola para jovens “talentosos”, não fazia ideia de onde esse caminho me levaria e a todos nós. Eu só sabia que nossa espécie precisava de um espaço seguro.
Depois de séculos de opressão, escravidão e discriminação, os descendentes de africanos escravizados no Hemisfério Ocidental finalmente receberam os direitos negados a nós por tanto tempo. O direito de votar, de morar onde quisermos, de uma educação completa, de nos tornarmos cidadãos plenos nos Estados Unidos.
Mas um novo perigo estava surgindo. Crianças negras em todo o país começaram a exibir estranhos poderes e habilidades. Na época, não sabíamos que, por alguma peculiaridade genética, o Gene-X havia se desenvolvido, ligado diretamente aos marcadores genéticos de raça.
Como se alguma parte do universo quisesse nos dar ferramentas para construir um novo mundo. A princípio, esses novos poderes foram motivo de medo e ameaça para uma forma de discriminação renovada e ainda pior.
Comecei minha escola como um lugar para crianças negras aprenderem a usar seus poderes para o bem e a proteção de todos. Por mais temidos e odiados que fôssemos, tínhamos a obrigação de usar nossas habilidades para salvaguardar a vida, em todas as suas formas e variações.
Podemos não ser mais Homo sapiens, mas como Homo negrus superior, ainda tínhamos que encontrar uma maneira de viver em paz e harmonia com nossos irmãos. Por muito tempo, esse sonho parecia impossível. Tantas forças estavam alinhadas contra nós.
A virada veio quando entrei em contato com esse lugar, esse ser, Krakoa, e começamos a conversar sobre uma forma de construir aquele mundo que eu sonhava. Com a ajuda de Krakoa, consegui falar com meu velho amigo Eric e, juntos, nós três construímos esta pátria.
Não estávamos sem aliados. Capitão Rogers, Dr. Richards e sua família, o jovem Sr. Parker, todos vocês se juntaram à nossa causa, mesmo que isso significasse lutar contra as estruturas de poder que os criaram.
Com nosso poder e visão unidos, fomos capazes de permanecer juntos, para tornar a discriminação e a opressão de todos os tipos uma coisa do passado. Para finalmente encontrar uma maneira de todos nós – humanos, mutantes e até alienígenas – vivermos juntos.
Claro, ainda temos nossas lutas e nossos detratores. Minha ex-colega e amiga, Moira MacTaggert e sua Frente de Libertação Humana lutam para restaurar o mundo como era, um mundo onde uma raça domina a outra. Não podemos voltar lá. Nós não vamos voltar lá.
Reabrir esta escola, convidar todos os que precisam de orientação, proteção e apoio a frequentá-la, trazendo-a para cá, para Krakoa, o coração de nossa pátria mutante, isso sinalizará a próxima evolução de nossa espécie, de nosso mundo. Sou grato por ter todos vocês comigo.“
Pontos a se observar: A comunidade negra ascendeu, encontrou IGUALDADE e movimentos de humanos e vilões brancos, querem voltar ao status quo anterior onde o racismo ainda tem vez.
E não se trata de generalização. A HQ mostra que o mundo, no geral, abraçou a paz e a igualdade. E ainda cita pontualmente heróis como o Capitão América, Homem-Aranha e Quarteto Fantástico como importantes pessoas brancas que apoiaram os mutantes/comunidade negra.
Olha só como é importante ter criadores negros apresentando as suas perspectivas. Observem as características dos personagens nas imagens que acompanham esse texto. Eles não são simplesmente negros. Todos trazem muita pluralidade. Até quem é azul traz fenótipos e estéticas que fogem do padrão normativo branco.
Os dreads do Ciclope, o Black Power da Jean Grey ou mesmo os elegantes dreads do Fera. A HQ tem um nítido cuidado em não apenas mostrar por mostrar variantes dos X-Men, mas de proporcionar uma real representação. E por que não, mostrar alternativas para alguns mutantes no MCU?
O que impede de termos uma Jean Grey com esse cabelão lindo no MCU? Ou o Ciclope balançando os dreads no novo filme dos X-Men? Ou então um Professor X negro? Visualmente ficou incrível nas HQs. Temos um conceito. Temos um visual. Dá pra fazer acontecer.
Bishop: War College é uma minissérie de 5 edições que recém foi finalizada nos Estados Unidos. Ainda não existe previsão do lançamento desse gibi no Brasil.
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