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Entenda como C. B. Cebuslki resgatou o sucesso da Marvel nos quadrinhos

Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a Marvel nunca esteve numa fase tão negativa assim quanto muitos propagaram. Na última década a Casa das Ideias foi sempre a editora que mais vendeu e lucrou com quadrinhos, porém em 2017 o mercado retraiu drasticamente e é claro que a editora não passou por esse momento sem ser afetada.

Dito isso, a editora realmente poderia ter passado por esse momento de uma forma mais tranquila, provavelmente foi por esse motivo que Axel Alonso foi demitido do cargo de Editor-Chefe e C. B. Cebuslki foi contratado para o lugar. E, nesse texto, vamos te explicar os motivos que Cebuslki a ter tanto sucesso.

1. As minisséries

Durante a era de Alonso na Marvel, existia a crença de que uma minissérie teria, obrigatoriamente, vendas baixas. Por esse motivo a editora não anunciava suas minisséries como minisséries. As mascarava de mensais. Porém, quando a revista se encerrava naturalmente, a mídia fazia alarde anunciando o seu cancelamento.

Cebulski mudou isso, sob a sua batuta a Marvel já publicou dezenas de minisséries, tais como: Novos Mutantes (Matthew Rosenberg), Homem-Múltiplo (Matthew Rosenberg), Motoqueiro Fantasma Cósmico (Donny Cates), Homem-Formiga e a Vespa (Mark Waid), Tales of Suspense (Matthew Rosenberg), Homem de Gelo (Sina Grace), Sentinela (Jeff Lemire), Ordem Negra (Derek Landy), A Morte dos Inumanos (Donny Cates), Shatterstar (Tim Seeley) e diversas outras.

Na época de Alonso, muitos leitores compravam minisséries, pensando que seriam mensais, e se frustravam com o encerramento precoce da história. Dessa forma, a estratégia de Cebuslki evita o desgaste com o leitor, ao mesmo tempo em que permite que os escritores possam desenvolver tramas curtas com início, meio e fim.

2. As one-shots

Se já foi um marco a editora voltar com as minisséries, outro acerto foi passar a lançar one-shots. No caso, estou me referindo as revistas especiais com uma única edição. O formato permite não apenas a experimentação, mas também serve como uma espécie de termômetro com o leitor.

Alguns exemplos de one-shots especiais são Thanos Legacy (Donny Cates), Cristal: Música X (Magdalene Visaggio), A Teia do Venom: Ve’Nam (Donny Cates), A Teia do Venom: Nascimento do Carnificina (Donny Cates), Superior Octopus (Christos Gage) e a antologia Avengers Halloween Special (vários artistas).

A iniciativa é tão acertada que em dezembro a Marvel lançará uma série de one-shots focada em cada membro dos Defensores originais. O formato é interessante pois servem para contar uma história bastante pontual e direta, sem enrolação. Em alguns casos são edições que complementam as revistas mensais, como no caso do Venom e em outras são iniciativas totalmente independentes, como o especial de Halloween.

3. Selos editoriais

A concorrente da Marvel, a DC Comics, tem tido um enorme sucesso criativo desenvolvendo selos. Lá na Distinta Concorrência existem, por exemplo: Vertigo, Young Animal, Wonder Comics, Black Label, Dark Matter, DC Ink, DC Zoom, Hannah Barbera, The Killing ZoneJyinx World.

Apesar de boa parte dessas revistas serem ótimas, o sucesso criativo não se repete no âmbito financeiro. Alguns desses selos já foram cancelados ou precisaram ser restruturados. E talvez inspirado nisso, os selos da Marvel parecem ser mais enxutos e mais abraçados com o Universo Marvel.

Por exemplo, na DC cada selo possui uma espécie de independência própria (leia-se cronologia própria em alguns casos). Se o leitor quiser ler Batman: Damned, da linha Black Label, ele pode fazer isso sem precisar acompanhar a mensal regular do herói, escrita por Tom King. Salvo casos pontuais, a regra se estende para os demais selos, onde até as histórias que valem para a cronologia acabam por ser “desnecessárias” para o leitor DCnauta que acompanha os principais heróis como Batman, Superman e Mulher Maravilha.

Os selos da Marvel são o Marvel Digital Original, iniciativa focada em quadrinhos exclusivamente digitais, com edições tendo 40 páginas (o dobro do normal) e envolvendo heróis que possuem algum destaque nas séries de TV. Como Jessica Jones, Luke Cage, Manto & Adaga e as Filhas do Dragão.

Outro selo é o resgate da linha “O que aconteceria se …“, que são uma série de one-shots (lembram do item anterior?) mostrando possibilidades bastante peculiares do Universo Marvel. E se o Thor fosse criado por Gigantes de Gelo? E se Flash Thompson tivesse sido picado por uma aranha radioativa? E por aí vai.

A Marvel Knights foi um selo de grande sucesso na Marvel no início dos anos 2000, foi a oportunidade dos escritores escreverem histórias com grande liberdade criativa e com personagens mais “pés no chão“. Para celebrar os 20 anos do selo, a Marvel o está resgatando essa linha de publicação.

Além desses selos, a Marvel ainda possui duas franquias com grande potencial de sucesso, mas desligadas do seu universo compartilhado: Conan e Star Wars.

4. Os medalhões

Apesar de a All-New All Different Marvel ter tido muito sucesso ao substituir alguns heróis medalhões, como Sam Wilson de Capitão América e Jane Foster de Thor, no geral os leitores ficaram insatisfeito com o tratamento dado ao Hulk, Vingadores, Homem de Ferro e Homem-Aranha, por exemplo.

O que Cebuslki fez foi fortalecer os medalhões, dando equipes criativas de peso e com o retorno dos heróis clássicos. Homem de Ferro (Dan Slott), Thor (Jason Aaron), Capitão América (Ta-Nehisi Coates), Hulk (Al Ewing), Homem-Aranha (Nick Spencer) e Vingadores (Jason Aaron), por exemplo, atualmente são alguns dos principais destaques da editora.

E o sucesso dessa fase se explica pelo fato de que ao contrário do que se pensou em um primeiro momento, as revistas de diversidade não foram sucateadas.

5. A diversidade

A Marvel segue investindo forte em personagens de diversidade, porém, em Fresh Start, a iniciativa não carrega as polêmicas trocas de manto que tanto incomodaram os fãs antigos.

Alguns dos personagens com revistas próprias nessa fase são Killmonger, Coração de Ferro, Homem de Gelo, Vespa, Miles Morales, X-23, Jessica Jones, Luke Cage e outros. Inclusive, foi um grande acerto da editora resgatar revistas como Vespa e Homem de Gelo que haviam sido canceladas na All-New All Different Marvel.

6. X-Men

Não tem como negar que o sucesso atual da Marvel passa fortemente pela valorização dos mutantes, que são um dos grandes campeões de vendas da editora. O famigerado boicote aos X-Men já se encerrou no início de 2017, mas foi em 2018, com o Cebulski, que passou a ganhar o devido peso.

Primeiro com o anúncio de X-Men Red, seguido por novidades como as minisséries dos Novos Mutantes e Homem-Múltiplo. Personagens como Banshee, Madrox, Ciclope, Wolverine Xavier retornaram à vida. Emma Frost está sendo lapidada e voltando a ser uma heroína.

Em resumo: valorizaram os X-Men e pararam de zoar os personagens. De brinde ainda estão enviando os X-Men originais do passado para o tempo deles.

7. Talentos e mais talentos

Por fim, não poderíamos deixar de mencionar os artistas que compuseram o corpo criativo da Marvel nesta fase do Cebulski. Em Homem-Aranha tivemos o desenhista Ryan Ottley (Invencível), que foi uma grande contratação. Jeff Lemire (Cavaleiro da Lua), que havia saído desgastado da editora pelo trabalho em X-Men, retornou para uma minissérie do Sentinela.

Donny Cates (Thanos), contratação ainda da fase Alonso, passou a ganhar uma maior autonomia e até foi brindado com o selo Marvel Knights para si. É interessante notar que a Casa das Ideias parece não ter sentido falta em momento algum de Brian Michael Bendis, talvez seu maior escritor em 2017 e que se mudou para a DC.

Outros autores como Matthew Rosenberg (Surpreendentes X-Men), Tom Taylor (X-Men Red), Ta-Nehisi Coates (Capitão América), Al Ewing (Hulk), Kelly Thomspon (Capitã Marvel) e Chip Zdarsky (Demolidor), por exemplo, passaram a ganhar cada vez mais destaque.

Caso você esteja curioso, nós postamos mensalmente aqui no site os números das vendas de histórias em quadrinhos nos Estados Unidos. Com esses dados vocês também poderão ter uma noção do sucesso financeiro das empreitadas do Cebuslki.

Bom caro leitor, essa foi a nossa análise sobre o que fez com que a Marvel se reerguesse em absoluto no mercado de quadrinhos. A editora não apenas tem se consolidado na liderança, mas também parece ter recuperado o apreço perdido junto aos fãs. Mas e você, o que acha disso tudo? Deixe a sua opinião nos comentários.

Redação Jamesons

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