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Crítica! Homem-Formiga e a Vespa: Quantumânia quer ser grande, mas apequena seus heróis

O Homem-Formiga não é, nem nunca será, um dos heróis mais importantes ou lembrados da Marvel. Nos cinemas, porém, o personagem foi peça importante na Saga do Infinito – e agora é usado para apresentar em definitivo o que está por vir na nova Saga do Multiverso.

Quem se acostumou com Scott Lang (Paul Rudd) encarando uma trama mais pé no chão e repleta de piadas em São Francisco, vai estranhar os rumos desse terceiro filme. Homem-Formiga e a Vespa Quantumania é um filme que quer ser gigante, mas que muitas vezes acaba encolhendo seus personagens (supostamente) principais diante de um contexto talvez grande demais para eles.

Enquanto Homem-Formiga e a Vespa (2018) nos levou para o Reino Quântico rapidamente, o terceiro filme da franquia faz jus ao título e se passa quase que inteiramente nesse microverso. Lá, Scott, Cassie (Kathryn Newton), Hope (Evangeline Lilly), Hank Pym (Michael Douglas) e Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) precisam sobreviver em um ambiente inóspito, encontrar o caminho para casa e escapar das mãos do Conquistador.

Este é um filme muito mais sério que os anteriores, e que se joga por completo na ficção científica, investindo pesado nos cenários e criaturas estranhas de CGI. É uma virada brusca para este núcleo mais cômico, e é a Marvel se jogando mais uma vez na loucura visual. E nisso o filme acerta bastante, se permitindo brincar com elementos insanos, criaturas estranhas e divertidas e com visuais impressionantes. 

Aliás, os trajes de Kang e MODOK estão bem fiéis às HQs, coisa que dificilmente seria adaptada dessa forma no começo do MCU. Todo fã de quadrinho aprecia quando o material original é homenageado e respeitado assim nas telas.

Uma explosão de ficção científica

Além dos cenários e visuais carregados, o Quantumania também é repleto de ação a todo momento. As cenas do Gigante são o maior trunfo aqui e é bacana ver a evolução de Scott, agora um Homem-Formiga muito mais experiente e confiante em suas capacidades.

Só que todos esses visuais exuberantes e ação intensa podem sobrecarregar um pouco. A trama muitas vezes acaba ficando perdida em meio a tanta cor, explosão e luta. Os personagens até ficam com pouco tempo para diálogos significativos diante de tantos acontecimentos para lá e pra cá na história. São poucas as trocas que valem destaque entre os heróis.

Acostumado com longas mais “vida real”, a impressão é que o diretor Peyton Reed não encontrou o tom certo para um filme dessa dimensão. Em momentos a trama parece que vai engatar em algo realmente grandioso e corajoso, mas acaba por tomar decisões mais fáceis e seguras, sem arriscar. Todos os problemas gigantescos criados são facilmente resolvidos pelos heróis pequeninos, sem nenhum risco real envolvido.

Heróis encolhidos

Paul Rudd e Kathryn Newton tem uma dinâmica de pai e filha bem gostosa de se ver em tela, embora a trama de “preciso fazer tudo pela minha filha” já esteja um pouco batida depois de três filmes. 

A nova intérprete da Cassie é naturalmente carismática e nos reintroduz à versão adolescente e idealista da personagem. Queremos ver mais dela! Já passou da hora de anunciarem os Jovens Vingadores

Agora, uma coisa que pode causar estranheza também é que apesar de uma piada aqui ou ali, esse filme é bem mais sério do que os últimos dois – talvez até mais sério do que os filmes da Marvel como um todo. E ter um ator de comédia como Paul Rudd, em um personagem naturalmente cômico como o Homem-Formiga, mas sem se guiar puramente com as piadas é uma escolha inusitada

Pode ser um alívio para quem vive repetindo que a Marvel se escora na comédia, mas também pode afastar aqueles que estão em busca justamente disso quando pensam no personagem e em seu núcleo. 

A impressão que pode ficar é que o filme não foca em seus personagens menores para dar espaço para uma trama mais densa. Alguns personagens parecem ser usados puramente como artifício de resolver conflitos ao invés de serem, de fato, personagens vivos. A Hope Van Dyne, inclusive, aparentemente está neste filme. Quase como um easter egg. 

Daria até pra especular que a Marvel quis apagar um pouco a personagem após declarações polêmicas da atriz sobre as vacinas, porque não faz o menor sentido o filme levar o nome da Vespa se a personagem quase não tem falas.

Kang e a Verdadeira Vespa

Agora, se o filme leva os nomes de Homem-Formiga E A VESPA, essa Vespa só pode ser Janet Van Dyne. E que bom que é! A Vingadora original dos quadrinhos finalmente tem seu destaque no terceiro filme da franquia. Michelle Pfeiffer brilha, dando um show de atuação e profundidade para uma personagem que foi muito injustiçada nos cinemas até então. Aqui, descobrimos o que realmente aconteceu nos últimos 30 anos em que Janet viveu no Reino Quântico.

E a versão de Kang, o Conquistador, em Quantumania mostra a que veio. Já sabemos que Kang seria o grande vilão da Saga do Multiverso desde a aparição d’Aquele Que Permanece em Loki, mas é aqui que finalmente vemos o vilão mostrando do que é capaz. Mais do que um indivíduo com poder bruto, Kang é uma presença que impõe respeito e conquista. E Jonathan Majors, de fato, conquista. 

O ator consegue transmitir toda a seriedade e o tom ameaçador que o personagem traz. E só esse gostinho já mostra que o ator foi um dos maiores acertos da equipe de elenco para a nova saga da Marvel nos cinemas.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania acerta ao mergulhar na ficção científica e se permitir ser ainda mais maluco depois de anos de heróis “pé no chão”. É um filme que não ousa o bastante e se perde um pouco em uma trama mais preocupada em resolver seus conflitos rapidamente do que dar profundidade a seus personagens centrais. Enfim, as duas cenas pós-créditos servem para apresentar de vez a trama da Saga do Multiverso. E talvez seja pelo que as cenas pós-crédito representam que esse filme existe do jeito que existe.

O filme estreia dia 16 de fevereiro nos cinemas. 

Mas e então, caro leitor, qual a sua expectativa para Homem-Formiga e a Vespa: Quantumânia? E quer ver mais críticas pipocando aqui no site? Deixe a sua opinião nos comentários.

John Matos

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