Quando o primeiro Aranhaverso chegou aos cinemas, encantou o mundo com um estilo característico de animação. Além disso, provou de uma vez por todas a força do personagem Miles Morales. Enquanto as equipes criativas nos quadrinhos sofriam para estabelecer sua voz desde a saída dos criadores Brian Michael Bendis e Sara Pichelli, a animação da Sony apresentou Miles como um Homem-Aranha distinto, um personagem interessante por si só, independente do legado de Peter Parker. Como um outro filme poderia lidar com a expectativa advinda desses dois feitos hercúleos?
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não só alcança essa expectativa; a enrola em teias e arremessa para cima, rumo à estratosfera, tal qual os protagonistas fazem com as diversas bombas encontradas nos videogames de Homem-Aranha para PlayStation.
É um filme ainda mais experimental com sua estética, ainda mais cuidadoso com suas técnicas de animação, ainda mais representativo da individualidade de seus protagonistas e ainda mais respeitoso com a inteligência da audiência.
Enquanto acompanhamos a jornada de Miles e das outras aranhas, o filme faz uma pergunta para seu público sem precisar usar palavras. O que torna um personagem digno de ser um Homem-Aranha? Quais são os elementos presentes nos “bons” Homens-Aranha?
Os personagens têm uma noção disso; a questão é o cerne da trama, afinal de contas. E o filme conta com uma ferramenta extremamente poderosa para transmitir essas respostas para a audiência, ao mesmo tempo que desafia algumas noções antiquadas sobre heroísmo: as identidades de seus personagens.
Anos atrás, Stan Lee disse que qualquer um podia estar atrás da máscara do Homem-Aranha, mas na verdade a escolha de quem estava por trás dela era o retrato do privilégio. Peter Parker é um personagem maravilhoso, alguém com quem a classe trabalhadora consegue se conectar facilmente. Mas ele continua sendo um homem cis heterossexual.
Em Homem-Aranha – Através do Aranhaverso, as minorias por trás da máscara não se resumem a Miles e Gwen. Temos latinos, mulheres negras grávidas, verdadeiros punks anticapitalistas. Temos aranhas de todos os tipos de corpos, de todas as etnias, de todas as nacionalidades. Para ficar bem claro que não há restrições ou limites, temos até bugues, gatos, brinquedos e dinossauros!
Embora não seja uma adaptação direta de nenhuma história já publicada, o filme é extremamente respeitoso com sua mídia de origem. Temos várias menções rápidas para os fãs mais fiéis, desde referências a números específicos dos quadrinhos a aparições de outras aranhas já conhecidas de mídias anteriores.
Às vezes elas aparecem de forma inesperada e acontece até da atenção com esses elementos recompensar o espectador com o entendimento de uma virada da trama uns bons vinte minutos antes dela acontecer de fato. Através do Aranhaverso é um filme para todos, mas brilha de verdade nos momentos em que se permite alegrar os fãs.
Outro ponto alto da produção é o próprio Miles. Mais velho, mais habilidoso, mais confiante, nosso protagonista realmente se transformou desde o primeiro filme. Não precisamos de nenhuma explicação sobre isso, apenas vemos através de suas ações como o menino, de fato, cresceu.
Ele é visto em oposição com Miguel O’Hara, o Homem-Aranha de 2099, com um design ameaçador, arrojado e perfeitamente alinhado com os quadrinhos. Ambos são tratados pelo filme com muito carinho e atenção, evidenciando seus pontos fortes, reforçando o que os torna interessantes.
Uma situação parecida e surpreendente é com Gwen. Enquanto no primeiro filme conhecemos um personagem muito interessante mas também muito diferente da sua versão nos quadrinhos, agora um equilíbrio é estabelecido. Os elementos mais marcantes são transplantados para a animação, sem a Gwen animada deixe de ser a personagem que conquistou o público no primeiro filme da franquia. Inclusive, seu papel expandido é muito bem utilizado e ela recebe algumas das melhores cenas do filme.
O único defeito de Através do Aranhaverso é acabar em algum momento. Com o gancho angustiante de seu final, podemos apenas aguardar ansiosamente pela continuação. Vai ser muito difícil alcançar as expectativas para o próximo filme, mais uma vez. Se o primeiro Aranhaverso era a melhor história de Miles Morales contada até o momento, o segundo Aranhaverso é possivelmente a melhor história do Homem-Aranha contada até o momento.
Alguns avisos importantes:
Primeiro, o filme não tem cena pós-crédito. Então assi que o filme acabar, pode ir correndo fazer xixi.
E segundo, essa história do Aranhaverso será divida em duas partes. A primeira está nos cinemas e a segunda, chamada Homem-Aranha – Além do Aranhaverso, será lançada em março de 2024, daqui 10 meses. Pense nesse filme como Senhor dos Anéis, os últimos Harry Potter ou Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato. Filmes que são conectados diretamente e divididos em duas ou mais partes.
Mas e então caro leitor, você já assistiu ao filme? Quais foram as suas impressões? Deixe a sua opinião nos comentários.
Texto de Thiago D. Rosa.
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