Era do X-Man: a Utopia de boas histórias mutantes é real oficial
“Pela primeira vez na história, o mundo é maravilhoso e todo mundo sabe disso”. E é exatamente esse o sentimento que os fãs dos X-Men podem sentir ao ler o capítulo que abre oficialmente a saga ‘A Era do X-Man’, publicada em ‘Age of X-Man – Alpha’ na última quarta-feira.
Depois do martírio que foi acompanhar, por dez edições arrastadas, no especial semanal de Fabulosos X-Men (já criticados aqui no site desde sua primeira edição) o que seria o prólogo dessa narrativa, A Era do X-Man parece finalmente mostrar a que veio.
Escrita pela dupla Zac Thompson e Lonnie Nadler (Cable), a trama gira em torno do mundo (quase) perfeito idealizado por Nate Grey, o X-Man, onde toda a população agora é mutante – a narrativa não é nova, a ideia de mundos onde mutantes são dominantes ao invés de oprimidos já foi usada em Dinastia M e Era do Apocalipse. A arte de Ramon Rosanas e Tríona Farrell – especialmente o design dos personagens – dialoga perfeitamente com o tom da obra, dando um ar claro de realidade paralela onde tudo parece peculiar e perfeitinho. Até que não é.
A revista tem um ritmo bom, onde as coisas fluem tranquilamente para uma primeira edição, apresentando um pouco desse novo mundo criado, dos personagens – e seus núcleos, que serão ainda mais trabalhados nos tie-ins – e especialmente sobre o possível conflito que pode ruir todo aquele sonho do X-Man: aqueles que estão dispostos a lutar pelo direito de amar. Isso porque os relacionamentos são proibidos nesse mundo e existe até uma polícia especializada em garantir que essa lei seja cumprida.
Inclusive, o debate pelo direito de amar não é uma discussão só na história do gibi! O impacto que casais aparentemente inusitados, incluindo o pareamento de Jean Grey com Lucas Bishop (um casal interracial) e Psylocke com Blob (uma mulher “em forma” com um homem obeso) também causaram furor nas redes, com gente criticando as decisões da Marvel de querer “polemizar” com tais pares que nunca existiram até então.
E talvez não seja justamente essa a crítica que a revista traz? Sobre quando o amor entre duas pessoas é colocado a julgamento pelos outros, externos a essa relação? Sobre como até hoje a sociedade ainda julga casais interraciais, homoafetivos, de diferentes faixas etárias e de diferentes portes físicos?
Por fim, ‘Age of X-Man – Alpha’ é um excelente começo para a saga, que tem tudo para ser algo memorável na cronologia dos X-Men, que sofrem nos últimos anos com histórias que só são lembradas por serem muito ruins.
Agora é esperar que as próximas edições mantenham o mesmo nível – preferencialmente, até superando expectativas. E que ela realmente seja “familiar, mas diferente de tudo”, como sugere o próprio roteirista ao fim da edição, abusando de elementos chave dos X-Men, como a luta pelo preconceito e até paquerando com clássicos anteriores, mas também trazendo coisas que sejam completamente novas e sirvam como um sopro de ar fresco no meio de tanta trama chata dos mutantes.