Após cerca de 10 anos o Hulk volta a ter uma boa HQ
Saiu na semana passada a primeira edição de O Imortal Hulk, revista que oficializa o retorno de Bruce Banner ao Universo Marvel, após ser morto na saga Guerra Civil II. E a HQ já é um dos principais destaques da iniciativa Fresh Start devido a sua alta qualidade.
A dupla criativa da publicação, o roteirista Al Ewing (Supremos) e o desenhista Joe Bennet (Supremos), haviam prometido uma história um pouco mais sombria, com toques de horror, e não se omitiram, entregaram exatamente o que cumpriram.
A trama da HQ é muito simples, o destaque fica mesmo pela narrativa muito bem contada e desenhada. Um jovem assalta um mercadinho e mata todos que lá estavam com um tiro na cabeça, inclusive Bruce Banner. Só que durante a noite, no IML, o Hulk desperta.
A dinâmica acima, misturando o cotidiano e surpreendendo o leitor, serviu para estabelecer de uma forma prática e visual os conceitos dessa HQ. O Hulk, assim como já ocorreu no passado, voltará a aparecer apenas no período da noite e, tal qual o título da publicação, é imortal.
O que temos a partir de então é o Hulk emboscando o ladrão que tentou lhe matar e que tirou a vida de pessoas inocentes. Só que a ação é toda construída com muito suspense. Mesmo o Gigante Esmeralda sendo um monstro enorme e verde, ele é sorrateiro e aparece apenas para atacar. A HQ até faz mistério sobre o seu visual, lembra bastante Steven Spielberg escondendo o T-Rex em Jurassic Park.
A HQ também estabelece algumas ideias sobre a personalidade do Hulk. Ele não é burro, mas também não é o Hulk Professor. Ele não é vilão, pois querendo ou não se importou com as vítimas do assaltante, inclusive quando capturou o rapaz que cometeu os crimes, fez questão de lembrar que uma das vítimas tinha apenas 12 anos.
Porém esse Hulk também não é um herói, ele caminha nessa linha tênue do anti-herói, pois pega o jovem malfeitor e o deixa cheio de fraturas pelo corpo inteiro. A revista inclusive termina, com Bruce Banner se olhando no espelho e perguntando ao Hulk o que ele acha: “Eu sou uma pessoa ruim?“.
A revista é muito boa, gostosa de se ler e tem um ritmo incrível, muito mérito da arte do brasileiro Bennet, que encaixou como uma luva na proposta dessa HQ. Após algumas histórias nem tão felizes em nível comercial e criativo, é bom ver Ewing acertando a mão e mostrando o motivo do editorial da Marvel lhe ter em tão boa fé.
E quanto ao título desse texto, que pode incomodar alguns, vou me fazer entender com uma maior clareza. Lá por 2006 a Marvel começou a lançar Planeta Hulk e essa trama se encerrou no final de 2007 com Hulk Contra o Mundo. Desde então, infelizmente, o personagem nunca mais emplacou nenhum sucesso.
Enquanto o Capitão América viveu ótimas fases com Ed Brubaker e Nick Spencer, Thor se consagrou nas mãos de Jason Aaron, Homem de Ferro brilhou com Matt Fraction e os Vingadores explodiram em sucesso com Brian Michael Bendis e Jonathan Hickman, o Hulk acabou ficando sonegado.
Primeiro foi Jeph Loeb com o Hulk vermelho, depois Greg Pak retornou para uma medíocre continuação do seu run. Na sequência, Jason Aaron escreveu uma HQ alucinada e bem escrita, mas que não caiu nas graças dos leitores e então tivemos Mark Waid que começou muito bem e terminou mal. Teve ainda Gerry Duggan escrevendo umas histórias bacanas, mas apenas para completar tabela.
E após tudo isso, tivemos novamente o retorno de Greg Pak, escrevendo o Hulk de Amadeus Cho, que causou polêmica e infelizmente não correspondeu na qualidade. Mas agora, após cerca de 10 anos do fim de Hulk Contra o Mundo, finalmente parece que o Hulk terá a história que merece.
O Imortal Hulk #1 contou com roteiro de Al Ewing (Supremos) e arte de Joe Bennet (Supremos).