The Gifted mostra que o lar dos mutantes é mesmo a TV
X-men, apesar de seus erros e acertos, é uma franquia consolidada nos cinemas e, considerando o cenário atual das adaptações de quadrinhos, é natural que a franquia se expandisse também para a televisão. Com isso, a Marvel Television e a Fox TV nos entregaram duas adaptações: a ótima ‘Legion’, que estreou em fevereiro deste ano e a recente ‘The Gifted’, que foi ar nos Estados Unidos no dia 2 de outubro.
A série estreou com uma boa audiência, apesar de não ser um número espetacular, fazendo a marca de 4.85 milhões de telespectadores ao vivo e 1.5 em sua demo (considerando apenas espectadores entre 18 a 49 anos).
O verdadeiro dilema dos X-Men
A série aborda a história de um casal, Reed Strucker (Stephen Moyer) e Kate Stewart (Amy Acker), ao descobrir que seus dois filhos, Lauren (Natalie Alyn Lind) e Andy (Percy Hynes), são na verdade mutantes. Reed, que atua como promotor junto a uma divisão de controle mutante da polícia, precisa então fugir com suas crianças e, para isso, busca ajuda a um grupo de mutantes renegados. Tal grupo compreende personagens clássicos dos quadrinhos, como Lorna Dane (Polaris), Pássaro Trovejante e Blink. A série ainda conta com um personagem inteiramente novo chamado Eclipse, que também integra o grupo de sobreviventes.
Apesar da história incialmente soar genérica, considerando a ambientação já estabelecida pelo universo X-Men, a série traz uma abordagem interessante sobre como a raça mutante é vista pela sociedade. Andy, que antes de se descobriu um mutante, chega a chamar os portadores do Gene X, pejorativamente de ‘mutie’, e isso serve pra retratar um pouco como a sociedade os vê. Outra referência é o Sentinel Services, um serviço do governo específico para controle e prisão de mutantes, que nada mais é que uma adaptação adequada das Sentinelas, figuras centrais nas histórias dos X-Men, e serve para mostrar como a humanidade reagiu à existência de pessoas que naturalmente nascem com poderes. O clima de tensão é enorme e o espectador é constantemente lembrado disso, as vezes de forma sutil e em outras de maneira mais direta.
O episódio inicial, eXposed, é dirigido por Bryan Singer, diretor de X-Men, X-Men 2, X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido e X-Men: Apocalypse. Apesar da experiência do diretor com o Universo X-Men, o episódio sofre com alguns problemas, como velocidade dos acontecimentos. O piloto serve para apresentar os personagens, sua ameaça e colocar a série em andamento. Isso acaba prejudicando um pouco o desenvolvimento, já que alguns momentos soam deslocados do restante do episódio. Reed, que num primeiro momento se mostra um homem impassível, não titubeia ao cogitar em deixar seus filhos com o grupo de renegados que ele mesmo estava caçando. Apesar de toda a urgência pela qual os mutantes estão passando, o primeiro capítulo busca usar de um humor desnecessário, em momentos que não eram oportunos e nem ajudaram na diversão.
The Gifted tem sua própria personalidade
Por outro lado, The Gifted se mostra uma série consistente e com um direcionamento firme. Diante das diversas adaptações que temos hoje, como Agentes da SHIELD, Demolidor, Punho de Ferro entre tantas outras, era possível que a série caísse no mesmo formato de suas correlatas, porém não é o caso. Assim como Legion, trouxe um novo ar às adaptações. The Gifted é um drama familiar e tem como pano de fundo, o Universo Mutante em seu conceito mais cru, onde ‘pessoas com diferenças genéticas’ são temidas, caçadas e odiadas deliberadamente meramente por serem quem são.
O episódio se encerra com diversas questões em aberto como: “Onde estão os X-Men e a Irmandade?”, “O que aconteceu para a criação da Sentinel Services?” e “Há mais grupos de mutantes espalhados pelo mundo?”. Tais questionamentos deixam o quadro muito maior e concede a oportunidade para que a série cresça muito mais. Resta-nos torcer para que ela continue mantendo a qualidade e consiga evoluir já que em seu primeiro episódio demonstrou bastante potencial.
The Gifted vai ao ar toda terça-feira, no canal Fox, as 22h30.