Apesar de X-Men: Equipe Vermelha ter sido encerrada nos Estados Unidos ainda em 2018, é apenas agora que o capítulo final dessa história está chegando ao Brasil. Trata-se de uma revista mutante com uma grande carga política.
O segundo volume segue com roteiro de Tom Taylor (Homem-Aranha) e arte de Carmen Carnero (Capitã Marvel) e do brasileiro Rogê Antônio (Conan). A trama segue a equipe comandada por Jean Grey buscando deter a vilã Cassandra Nova.
X-Men: Equipe Vermelha é uma grande revista de ação, mas conquistou a todos com as discussões sociais que promoveu. A mensagem final da revista é sobre empatia, sobre nos preocuparmos mais com o próximo e semearmos menos ódio.
Mas para construir essa narrativa o escritor Tom Taylor utiliza uma série de conceitos do mundo real, introduzindo claramente ou de forma simbólica, eventos que aconteceram de verdade. A história mostra que apesar de estamos lendo uma história com mutantes com super-poderes, alguns acontecimentos ali não são nem um pouco fantasiosos, pelo contrário, já são uma realidade.
A proposta desse texto é listar esses elementos, todos que nós conseguimos identificar pelo menos. Porém, claro, a HQ é tão bem elaborada que algumas referências podem ter passado batidas.
Se for esse o caso, se você pescou algo que deixamos passar, nos avise nos comentários. A troca de ideias é extremamente importante e essa é uma HQ que definitivamente merece ser debatida.
Bom, sem mais delongas, vamos para os elementos.
Uma das principais polêmicas envolvendo a campanha eleitoral do Presidente norte-americano Donald Trump em 2016 envolveu o uso de dados de milhões de usuários estadunidenses.
Na ocasião, dados de 87 milhões de pessoas foram coletados via Facebook. Em posse desses dados, foi possível desenvolver uma publicidade com teor político que foi disparada em massa e adaptada ao comportamento de casa usuário.
Na prática isso significou que usuários com alguma tendência preconceituosa na internet, seja por seguir perfis extremistas ou mesmo por usar um vocabulário ofensivo com diversidade, por exemplo, receberam no seu feed de notícias mais publicações que reforçassem essas convicções. Os dados foram coletados pela empresa Cambridge Analytica, daí que vem o nome central da polêmica.
Por sua vez, em X-Men: Equipe Vermelha, a mutante Trinary detecta que existem forças semi-ocultas que estão controlando mensagens latentes nas mídias sociais e induzindo pessoas com comportamentos específicos a ter reações de ódio contra a população mutante. Basicamente, o que acontece é uma propagação de discursos e comportamentos específicos através de algoritmos sociais que podem ser explorados e influenciados. Isso lembra alguma coisa?
A história apresenta também uma espécie de micro-sentinelas, que infectam seres humanos comuns, dá a eles a capacidade de detectar mutantes e bombardeiam suas mentes com fake news e notícias distorcidas sobre os mutantes, fazendo com que a população odeie e cace mutantes.
A repercussão disso é tão grande, com engajamento e campanha online, que aos poucos inclusive as pessoas que não foram infectadas pelos micro-sentinelas, mas que caíram na conversa das fake news, começam a se engajar contra os mutantes.
Em 2017, moradores da cidade Charlottesville promoveram um dos eventos mais bizarros do século 21. Uma passeata pró-nazismo, em terras americanas e com direito a tochas empunhadas nas mãos.
O grupo desfilou pela cidade promovendo gritos de ódio contra diversidade, como se fosse um direito deles promover o preconceito e o ódio.
Tal situação, obviamente, não passou batida em X-Men: Equipe Vermelha. Em mais de uma ocasião a população infectada pelo ódio promovido pelos micro-sentinelas e os alienados, começaram a perseguir mutantes em passeatas erguendo tochas de fogo.
Em um primeiro momento a cena parece até fora de contexto. Parece uma caça as bruxas digna dos séculos 16, 17 e 18. Mas não, uma manifestação exatamente como essa ocorreu nos Estados Unidos em 2017.
A Polônia foi uma das nações diretamente envolvida na Segunda Guerra Mundial, pois foi invadida pela Alemanha nazista em 1939 e foi o local onde Campos de Concentração judeus foram instaurados.
Porém, em 2018, o Presidente da Polônia, Andrzej Duda, sancionou uma polêmica Lei que torna ilegal que cidadãos acusem a Polônia de conivência com os atos cometidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Na teoria a medida visa esclarecer que o país não concorda com as atrocidades cometidas no passado. Porém na prática trata-se de uma medida que pode inclusive complicar a vida de vítimas e sobreviventes do holocausto que passaram a ser proibidos de denunciar os crimes que sofreram.
A medida obviamente gerou críticas, pois muitos entenderam que o país está apenas tentando “limpar a sua barra”, ao invés de reconhecer que sim, muitos poloneses aderiram ao nazismo e contribuíram para a morte de muitos judeus.
Curiosamente, nesse mesmo período, o escritor Tom Taylor mostrava em X-Men: Equipe Vermelha que a Polônia foi uma das primeiras nações a sancionar uma Lei que permitia a detenção de todos os mutantes.
A medida basicamente permitia que mutantes, todos eles, fossem postos em campos de concentração. Graças aos X-Men, nenhum mutante foi aprisionado, todos foram resgatados pela equipe liderada pela Jean Grey e saíram da Polônia.
Em dado momento na história de X-Men: Equipe Vermelha, após promover notícias falsas e manipular as pessoas com micro-sentinelas que semeiam o ódio, a vilã Cassandra Nova opta por usar deepfakes na sua estratégia.
Deepfakes são talvez o que há de mais surpreendente, inovador e ao mesmo tempo assustador envolvendo o compartilhamento de notícias falsas. Trata-se de uma tecnologia capaz de manipular imagem e áudio para mudar a face de pessoas em vídeos, permitindo dessa forma criar vídeos falsos de pessoas falando coisas que não diriam normalmente.
A tecnologia surgiu quando usuários de fóruns na internet a usaram para colocar o rosto de atrizes como Gal Gadot (Mulher Maravilha) e Emma Watson (Hermione) em atrizes pornô, gerando uma realidade impressionante no vídeo.
A técnica pode muito bem ser usada para colocar um político, celebridade ou qualquer pessoa promovendo discursos absurdos. E por ser um vídeo com o rosto e a voz da pessoa, é bastante complicado descobrir a sua veracidade.
No vídeo abaixo você pode ver como a tecnologia funciona:
Tom Taylor novamente utilizou esse conceito na sua história. Cassandra criou um vídeo da mutante Jean Grey promovendo um discurso de supremacismo mutante, atacando a humanidade.
O objetivo, claro, foi de vilanizar os X-Men perante o público. Na história a equipe inclusive cogita diversas possibilidades para o vídeo, desde um mutante transmorfo se passando pela Jean até um clone. Porém é identificado que a vilã está usando a tecnolocia da deepfake.
Essas foram as referências que identificamos ao longo da nossa leitura de X-Men: Equipe Vermelha. Mas e você, identificou outros plots que fazem referência ao mundo real? Registre tudo nos comentários.
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