O Mojo e a crítica ao fanboy tóxico dos quadrinhos

Já tem um tempo que a figura do fanboy tóxico se popularizou dentro do cenário dos quadrinhos aqui no Brasil.  O adjetivo representa uma figura possessiva e tóxica para o mercado, o popular fanboy. E na edição dedicada ao Mojo da one-shot X-Men Black, tivemos uma interessante crítica a esse tipo de leitor.

X-Men Black é um conjunto de seis one-shots, cada uma focada em um vilão diferente da franquia mutante. Na edição que contou com o protagonismo de Mojo, o escritor de humor Scott Aukerman chamou a atenção por realizar uma crítica precisa aos leitores de HQs mais enérgicos.

A figura do famigerado “fanboy tóxico” tem se mostrado muito presente nas histórias em quadrinhos, sobretudo nos Estados Unidos. É aquele leitor que se acha dono do personagem e repudia, critica, avacalha e ofende os criadores caso tomem decisões que lhe desagradem.

Um exemplo que gosto de dar é com a franquia mutante, que concentra a maior quantidade de fãs possessivos da cultura pop conforme a pesquisa realizada pela minha pessoa nesse exato momento utilizando conhecimento empírico. Imagine que um escritor resolve desenvolver a Tempestade com um par romântico, alguns leitores vão querer que ela se relacione com o Forge, outros com o Pantera Negra, vai ter gente defendendo até um relacionamento com o Wolverine.

O fanboy tóxico é o cara que ficará “full pistola” caso a escolha do roteirista não seja a mesma que a sua. Como resultado, o fã vai até o Twitter falar para o escritor que ele não entende a personagem, desfere ofensas e em casos mais exaltados até promove ameaças de morte.

Toda essa neura, em uma escala quase que elevada a enésima potência, foi possível ver na Marvel durante a All-New All Different Marvel. Uma parcela de leitores bateu o pé e não aceitou que Sam Wilson fosse o Capitão América, Miles Morales o Homem-Aranha e Jane Foster a Thor, por exemplo.

E é nesse ponto que X-Men Black se apega. Logo na primeira página da revista podemos ver o vilão Mojo decidido a fazer com que os X-Men retornem à sua formação clássica sob o argumento de que “por tempo demais o grupo principal de X-Men tem sido ofuscado por novos personagens … personagens projetados para apelar às necessidades de inclusão, ao custo de fãs fervorosos como euzinho“.

Normalmente esse público fanboy não reconhece que é um aficionado pelas histórias em quadrinhos, afinal estão apenas exercendo os seus hobbies (de uma forma exagerada). A HQ também brinca com isso em outra fala de Mojo: “Dou a mínima para uma mudança aqui ou ali. Contanto que seja orgânica. Só quero boas histórias“.

Essa frase “só quero boas histórias“, somado a página onde ela está inserida, gera uma crítica a parte. Uma das principais críticas à All-New All Different Marvel foi por dar destaque para a diversidade e, de forma curiosa, recentemente a personagem Psylocke passou por drásticas mudanças visuais, deixou de ser uma moça asiática para ser uma legitima caucasiana britânica. Obviamente essa mudança não gerou um hate tão grande quanto os momentos em que negros vestiram os mantos do Capitão América e Homem-Aranha, por exemplo.

A revista inteira segue até o final mostrando que o Mojo, atrás dessa figura repugnante e insistentemente conservadora, é apenas uma pessoa buscando aceitação. Uma pessoa que não sabe dar amor pelo simples fato de nunca ter recebido amor. No momento em que o mutante Glob Herman e uma jovem moça passam a lhe dar atenção, o vilão começa a desenvolver uma espécie de empatia. Mostrando uma faceta até então inédita do Mojo.

O destaque de X-Men Black: Mojo é o roteiro afiado. Apesar do escritor e humorista puxar o tom da HQ para a comédia, ainda existe uma crítica bem fundamentada e que faz sentido na história. A mensagem que captei na revista foi que por trás de todo fanboy tóxico, tem uma pessoa precisando de ajuda. Algo semelhante aquela clássica frase: “Todas as pessoas que você conhece estão enfrentando batalhas que você não sabe nada a respeito. Seja gentil. Sempre“.

X-Men Black: Mojo teve roteiro de Scott Aukerman (Homem-Aranha/Deadpool) e arte de Nick Bradshaw (Wolverine e os X-Men) e André Lima Araujo (Surfista Prateado).

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