Vampira e Gambit são, já tem um tempo, um dos casais mais populares da Marvel. O problema sempre foi que carregam a “síndrome dos anos 90” consigo.
Durante a última década do século XX a dupla encabeçou os X-Men no período do ápice financeiros e de popularidade da franquia, ao mesmo tempo em que tinham destaque na famosa animação televisiva.
O resultado foi que para muitos fãs, Vampira e Gambit sempre foram uma referência de casal, mesmo que isso não se refletisse de fato nas HQs. A limitação ao contato físico provocado pela Vampira, somado ao lado canastrão de Gambit, acabaram sempre tornando a vida desses dois personagens que tinham uma ‘vibe’ parecida, muito mais difícil do que o esperado. Isso colocou a dupla numa espécie de limbo de desenvolvimento, estagnados.
Essa dinâmica foi interessante lá na década de 90, mas acabou se tornando um porre nas duas décadas seguintes. Isso, claro, até que algo mágico surgiu no caminho desses dois personagens: a escritora Kelly Thomspon.
Kelly roteirizou a minissérie ‘Vampira & Gambit‘, publicada nos Estados Unidos em 2018 e que está chegando nas bancas brasileiras. A história coloca um ponto final nesse drama todo, permitindo que finalmente o casal dê um passo adiante.
E se até então a dupla era um reflexo de casal dramático e enrolado, nas mãos da nova roteirista eles acabaram se tornando o melhor casal da Marvel. E nesse texto nós vamos mostrar isso para vocês.
O plot de ‘Vampira & Gambit‘ é o mais propício possível: mutantes estão desaparecendo em uma ilha particular onde uma organização está promovendo retiros que prometem “libertar os mutantes dos seus traumas“. Só que para investigar o que está acontecendo nessa ilha paradisíaca a Kitty Pryde, líder dos X-Men, precisa enviar um casal que convença romanticamente para passar no processo de avaliação. E assim ela escolhe a Vampira e o Gambit para a missão.
A história começa com o casal na “vibe trancada” deles. Vampira lamentando que perdeu o controle dos poderes novamente e não pode tocar em ninguém. Já o Gambit, por sua vez, a questiona por ter ficado com o Deadpool e recebe como resposta que enquanto ela deu uns amassos nos Wade, ele estava ficando com vários mulheres. E pronto, mais uma DR se instaura.
A trama é mirabolante e envolve uma vilã que rouba memórias dos mutantes na ilha. E aí está a grande sacada da roteirista Kelly Thompson na revista.
Se o Remy e a Vampira não conseguem se entender na base da conversa, eles acabam entendo o outro justamente através das memórias. Vampira tem acesso as lembranças e pensamentos de Gambit, e ele as memórias dela.
E é apenas se colocando, literalmente, um no lugar do outro que eles conseguem se entender. Gambit compreende que ela sempre o amou e teve medo por ele ser um galinha e ela, por sua vez, enxergou que ele sempre foi inseguro quanto a confiança da Vampira.
A dupla inclusive cogitou a possibilidade de terem as lembranças zeradas pela vilã, seguindo adiante sem se preocupar com os traumas do passado. Mas entenderam que toda essa bagagem é importante para o relacionamento, ignorar o problema não o resolveria. Se esquecessem tudo, estariam destinados a conviver com os mesmos erros no futuro.
E no meio de toda essa dinâmica de fazer terapia, desabafar, terem DRs, relembrarem momentos chave, a história gera uma grande identificação com o leitor. Quem já namorou certamente se enxergará nos personagens e nas situações. Afinal, tudo o que eles precisam no final é deixar a sua razão de lado para, dentro do relacionamento, entender o ponto de vista do outro. É isso que faz com que um casal funcione.
E a história apesar de ser maluca e envolver uma mutante que absorver memórias e gera construtos físicos de lembranças, possui essa mensagem de forma bastante clara.
A partir do momento em que o casal se entende, eles viram aquilo que eles sempre deveriam ter sido: o melhor casal da Marvel.
Kelly Thompson se destacou nos últimos anos como uma escritora que sabe desenvolver a relação entre os personagens, principalmente casais. Fez isso aqui com a Vampira e o Gambit, fez também com a Jessica Jones e o Luke Cage e também fez entre a Gaviã-Arqueira e seus parceiros.
Mas não se trata de uma escritora com vícios e repetições, ela consegue entender cada personagem e desenvolve suas relações de uma forma diferente.
Nesta minissérie, por exemplo, ela demonstrou um exímio conhecimento de cronologia. Seja durante as terapias de casal, quando a dupla relembrou os seus dois primeiros encontros (sim, eles possuem dois primeiros encontros lol) ou até mesmo na primeira relação sexual da Vampira.
Thompson tornou a Vampira e o Gambit um casal extremamente humano. Eles não possuem uma postura moral padrão de HQs, são gente como a gente. Possuem a perverção de um casal de jovens apaixonados, não tem aquela postura quadrada típica de um casal em uma história em quadrinhos para crianças.
São momentos simples, pequenas interações normais de um casal, mas que tão o tom do relacionamento deles.
Seja uma pegação na piscina seguida de sexo:
Uma mão boba durante uma investigação num tubo de ventilação:
Um flerte no meio da luta:
Ou apenas a lembrança de um sexo bem bem gostoso:
Essa minissérie deu tão certo que Kelly Thompson acabou recendo uma série regular da Vampira e do Gambit para escrever. O plot dela ainda é spoiler, então não revelarei aqui para não estragar a experiência de ninguém.
Mas finalizo esse texto indicando que toda essa abordagem de mostrar o relacionamento sem ter vergonha de ser carnal, segue na nova HQ, e até em maior número, pois agora eles já estão bem resolvidos enquanto casal. Dá uma espiadinha no que está por vir:
Há de se ressaltar também o trabalho do desenhista Pepe Perez, que soube ser sensual, nostálgico e insano sempre que necessário. Seja com uma diagramação diferenciada ou mesmo enquadramentos que chamam a atenção. É uma arte que se complementa com o roteiro da Thompson.
Acho que já ta provado que a Vampira e Gambit formam o melhor casal da Marvel, né? Estão apaixonados, são gente como a gente, adoram uma safadeza e constantemente se desentendem (mas agora aprenderam a lidar com isso).
Eles não são um casal comportado como Reed e Sue, Scott e Jean, Kitty e Colossus, Medusa e Raio Negro ou Tempestade e Pantera Negra. Têm um astral alto e são facilmente identificáveis entre a geração atual.
A minissérie Vampira e Gambit conta com roteiro de Kelly Thompson (Gaviã-Arqueira) e arte de Pere Perez (X-Men Gold), contém 5 edições e está sendo publicada atualmente pela Panini no formato encadernado.
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