O simples fato de usar o termo “militantes políticos” no título já fará uma parcela de leitores ignorarem o texto e outros tantos o criticarem sem ao menos terem feito a sua leitura. Mas beleza, vocês verão que isso apenas comprovará todo o ponto que quero lhes apresentar. Vamos lá.
Já tem muito tempo, mas talvez com uma maior intensidade nos últimos anos, que se passou a marginalizar na internet os movimentos sociais. Talvez isso se dê pelo fato de que nas redes sociais todos possuem voz, mas o fato é que precisamos falar sobre isso. Ainda mais quando se há a possibilidade de criminalizar esses movimentos.
Quando falamos em “feminismo“, ainda tem que confunda isso com supremacia feminina ou ainda tem quem tente vincular o movimento com o nazismo. E isso está completamente errado. O feminismo prega a igualdade de oportunidades entre todos os gêneros. Apenas isso. É muito simples.
A mesma coisa vale para todos os demais movimentos. Ninguém quer uma supremacia negra, apenas que a comunidade negra tenha melhores condições e oportunidades. Vale destacar também que existem casos de trabalho escravo ou análogo à escravidão até hoje no Brasil e fora. E mesmo a Lei Áurea (que tem recém 130 anos) apenas serviu pra libertar os escravos, não importando as condições de sustentação e sobrevivência básica.
Da mesma forma a comunidade LGBT não deseja implementar uma ditadura gay. Essas pessoas buscam apenas a tranquilidade de poder amar quem bem entenderem, sem correr o risco de serem assassinados por causa disso.
E todos esses movimentos mantem suas discussões e pautas de forma ativa através das suas militâncias. Isso é, através de ONG’s, entidades e coletivos, por exemplo. Até figuras políticas progressistas podem contribuir nessa militância, levando os anseios dessa parcela da sociedade para outra esfera.
Os militantes são pessoas que vão para a rua, organizam ações e dão a cara a tapa. Tudo para garantir direitos coletivos. As mulheres apenas conquistaram direito ao voto, entre os séculos 19 e 20, após se organizarem em movimentos sociais.
Apesar da escravidão nos Estados Unidos ter terminado em 1863, o direito da comunidade negra votar nas eleições veio apenas em 1965, mais de um século depois. E essa foi uma conquista que também entra na conta dos militantes e ativistas.
Na década de 60 os Estados Unidos viveram intensas discussões sobre os direitos da comunidade negra, dois dos mais notórios militantes foram Malcolm X e Martin Luther King Jr. (que inclusive recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964).
E vale lembrar que Charles Xavier e Magneto, dois dos mais proeminentes mutantes da Marvel, possuem semelhanças incríveis com Martin Luther King Jr. e Malcolm X.
Todas essas conquistas só foram possíveis devido ao fato de terem pessoas que bateram no peito e assumiram a bronca, tomando pontos de liderança e promovendo a discussão e o debate a cerca das suas pautas.
Os X-Men, dentro do ficcional Universo Marvel, possuem uma função bastante semelhante. São eles que constantemente promovem debates e defendem com unhas e dentes que os mutantes devem coexistir PACIFICAMENTE com os humanos.
Exceto por Magneto nos seus momentos mais insanos, que, aliás, fugiam das bases ideais de Malcolm X, os X-Men sempre defenderam a igualdade. Assim como os movimentos feministas, e das comunidades negra e LGBT, os mutantes querem ter apenas as MESMAS condições, oportunidades e representações que qualquer outra pessoa já possui. Nada de ser excluído pelo gênero, orientação sexual, cor de pele ou devido aos seus genes.
Em X-Men Red #1, publicada pela Marvel em 2018, a Jean Grey vai até a ONU e faz um discurso perante a representantes de nações do mundo inteiro. Veja um pequeno trecho da sua fala:
Charles Xavier por diversas vezes se dispôs a debater a situação mutante ao vivo na TV aberta, como na clássica história “Deus Ama, o Homem Mata”, de 1982.
Os X-Men já toparam com personalidades que usaram a TV para semear o medo e o ódio aos mutantes, como William Stryker e Lydia Nance, enfrentaram a igreja católica, na figura dos seus Purificadores e até entes políticos, como os Senadores Kelly e Ashton Allen.
Em Homem de Gelo #4, publicada este ano, os leitores puderam presenciar a Primeira Parada pelo Orgulho Mutante. Uma celebração feita pelos mutantes e para os mutantes. E durante este momento a Tempestade e Kitty Pryde, duas notórias líderes dos X-Men, discursaram para uma multidão:
“Tempestade: Estamos diante de você como lembrete de que, embora muita coisa tenha mudado, isso é muito sobre ódio … ainda há muito para ser feito. Estamos aqui para mostrar que não estamos mais representados pela visão do futuro de um único homem. À medida que os tempos mudaram, nossos desafios se tornaram mais únicos – e a solução mais opaca. A reputação dos X-Men na mídia global é que somos lutadores.
Kitty: E em alguns países fomos rotulados como terroristas.
Tempestade: Kitty Prefere “Dotados”, eu prefiro “Lutadores”.
Enquanto o futuro pelo qual ansiamos é de harmonia, há lutas a serem feitas para chegar lá. Nós lutaremos para que nossos corpos não sejam policiados, nossos direitos não sejam tirados e nossa segurança não seja colocada em um pêndulo de violência.”
Todo esse comportamento corresponde ao de militantes, que constantemente buscam o melhor para o grupo que representam. Mas algo mudou recentemente …
Em Fabulosos X-Men #10, revista publicada no início desse ano, os X-Men foram transportados para a Era do X-Man, deixando os mutantes da Terra sem seus representantes.
O reflexo prático da ausência dos X-Men no mundo se deu da seguinte maneira: a mídia passou a demonizar os mutantes, a cura mutante foi produzida em larga escala e Leis foram criadas para garantir que crianças tomassem a cura antes mesmo de manifestar os seus poderes.
Sem os X-Men para militar, o mundo optou por excluir os mutantes da equação. E todos aqueles que optaram por não receber a cura foram marginalizados, obrigados a se esconder junto aos Morlocks nos esgotos ou a evitar toda e qualquer aparição pública.
E, obviamente, como não poderia deixar de ser também, secretamente passaram a ser caçados e assassinados.
Se no mundo real não tivéssemos a participação dos militantes nas causas sociais, situações semelhantes teriam ocorrido com as ditas “minorias” (que de minoria não tem nada, se juntar todo mundo dá uma bela duma maioria). As mulheres continuariam em casa, serventes aos homens e sem direitos, os negros também sem seus direitos e a comunidade LGBT amedrontada, precisando negar o sentimento mais puro e básico que é o amor. Essas situações sempre aconteceram e ainda acontecem. Mas hoje temos uma militância mais forte e mais unida para denunciar e repudiar
Esse texto tem um propósito bastante simples. Você não acha que os X-Men são os vilões da história, né? Você não acha que Sebastian Shaw, William Stryker e outros inimigos dos mutantes estão corretos, né? Então da mesma forma as feministas e os militantes das comunidades negra e LGBT também não são os vilões da história.
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