Psylocke é a nova Capitã Britânia

Psylocke é a nova Capitã Britânia! Entenda a importância da mudança

Neste sábado, a Marvel anunciou seus planos para a franquia X-Men, ao lado do atual manda-chuva da franquia, Jonathan Hickman. Durante a San Diego Comic Con (SDCC), maior evento de quadrinhos do mundo, entre esses anúncios estava a revelação da nova revista, nova formação da Excalibur e uma novidade: a Psylocke é a nova Capitã Britânia.

Betsy já assumiu o manto de Capitã Britânia nos anos 80, sendo que recentemente a personagem também retornou para seu corpo original (uma mulher britânica branca, ao invés do corpo japonês que ela usava e pelo qual é famosa). Então esse “retorno às suas origens” vem em um momento em que muito se questionava a problemática por trás de termos uma mulher branca se apropriando não só da cultura japonesa, mas do próprio corpo de uma mulher asiática.

A história toda é confusa, então vamos dar uma resumida abaixo pra quem não conhece a fundo a história da personagem ou simplesmente não se lembra dos detalhes e do porque isso tudo é importante.

Quem é Betsy Braddock?

A personagem que conhecemos como Psylocke, Elizabeth “Betsy” Braddock, surgiu na revista do Capitão Britânia nos anos 70. A revista, porém, só era lançada no Reino Unido, como parte da Marvel UK. Na época, ela era apenas a irmã gêmea do protagonista, Brian, o Capitão Britânia. Mais tarde, porém, Betsy descobriria seus poderes mutantes, que incluiam telepatia e precognição.

Anos depois, enquanto seu irmão estava fora do país, Betsy assumiu pela primeira vez o manto de Capitã Britânia, se tornando a maior heroína do Reino Unido. Sua fase como Capitã, porém, não duraria muito. A heroína foi atacada pelo Mestre Assassino, que a espancou e perfurou seus olhos, deixando-a cega.

Betsy, antes de ser Psylocke, foi a segunda Capitã Britânia

A personagem retornaria para o universo da Marvel, agora com revistas publicadas também nos Estados Unidos, em Novos Mutantes, quando revelam que ela havia sido capturada pelo vilão Mojo, que a torturava e a controlava. Foi Mojo quem a batizou de Psylocke pela primeira vez, além de retornar sua visão com olhos biônicos.

Depois que Mojo foi derrotado pelos Novos Mutantes, Betsy se juntou aos X-Men como a telepata da equipe. Após anos no grupo, Psylocke e o restante dos X-Men se sacrificaram para salvar o universo no que ficou conhecido como a Queda dos Mutantes. Os heróis, porém, seriam revividos mais tarde.

Enquanto isso, criada no final dos anos 80, a Excalibur original era formada pelo Capitão Britânia, Meggan Noturno, Fênix (Rachel Summers) e Lince Negra (Kitty Pryde). A equipe foi planejada pra expandir o heroísmo da Marvel para além dos Estados Unidos, com uma equipe atuando no Reino Unido.

A Ninja Kwannon

Anos depois, Betsy foi encontrada viva, mas sem memórias, pelo Tentáculo. Lá, um dos membros da organização, Matsu’o Tsurayaba, usou Psylocke para restaurar sua amada, a ninja Kwannon, que estava em um estado vegetativo. O objetivo do vilão era que a telepatia de Betsy acordasse Kwannon de seu estado de coma eterno.

O que aconteceu, entretanto, é que Betsy e Kwannon foram fundidas em uma só e então divididas em duas entidades separadas. Elas compartilhavam da mesma aparência, conhecimentos e memórias. Além de um corpo asiático, Psylocke agora também tinha o conhecimento de artes marciais adquiridos da ninja Kwannon e a capacidade de criar armas telepáticas – o que hoje é sua marca registrada.

A problemática

Sim, agora Betsy não era mais só uma mulher branca com poderes telepáticos, mas uma mulher branca no corpo de uma ninja japonesa. Representatividade? Mais pra um novo nível de apropriação cultural. Por anos essa “troca de corpos” foi bastante criticada por algumas pessoas – especialmente em comunidades asiáticas, que viam de forma negativa o fato da personagem branca se aproveitar não só do conhecimento cultural, mas do corpo de uma mulher asiática. Em 2015, enquanto trabalhava com a heroína no título X-Men, a roteirista G. Willow Wilson (Miss Marvel) comentou o caso.

“Eu acho importante deixar claro que a experiência das pessoas não são substituíveis entre si, especialmente quando se trata de raça e etnia. Se você vai colocar um personagem branco em um corpo asiático, eu acho que é apropriado que você explore como a vida desse personagem mudaria – como ela seria tratada de forma diferente pela sociedade, como ela lidaria com micro-agressões, como isso pode mudar sua percepção sobre o mundo. Se você levar a história nessa direção, então você tem que fazer isso. Se não, é só tokenismo*. […] Se eu fosse a roteirista de uma revista mensal da equipe, eu seriamente consideraria fazer mudanças sobre isso.”

O Tokenismo a qual Willow se refere, é quando escritores e roteiristas inserem personagens de minorias em suas histórias sem realmente representá-los de forma realista. Uma espécie de representatividade superficial que não representa muito.

A questão ficou ainda mais controversa quando o novo Editor-Chefe da Marvel, C.B. Cebulski, revelou que por anos tinha um alter ego chamado Akira Yoshida. Sim, era um homem branco se passando por asiático. Bizarro. Ele assinava projetos na editora fingindo ser um escritor japonês.

Na Marvel os editores não tem permissão para escrever quadrinhos, eles podem apenas editar. Então, para driblar esse obstáculo, Cebulski criou um pseudônimo japonês, aproveitando-se de que ele morou por muito tempo no Japão e fala o idioma do país fluentemente.

Assim que assumiu como Editor-Chefe da Marvel, no final de 2017, Cebulski tornou público que por anos escreveu como Akira Yoshida e pediu desculpas. “Eu realmente sinto muito pela dor, raiva e decepção que causei com a minha infeliz escolha de pseudônimo“, declarou na época.

As recentes mudanças na Psylocke, tornando a personagem mais “correta” do ponto de vista cultural, ocorrem logo após Cebulski assumir como Editor-Chefe. Seria essa uma forma de retratação?

Retorno às origens

“Chega. Finalmente eu sou eu mesma.”

E em 2018, durante a revista “A Caçada pelo Wolverine – Mistério em Madripoor”, foi exatamente isso que o roteirista Jim Zub (Campeões) fez. Na história, a telepata Sapphire Styx suga a alma e a mente de Psylocke para dentro de si, deixando o corpo da heroína, sem vida, para trás. Dentro da mente de Sapphire Styx, Betsy conseguiu reunir forças para destruir a vilã de dentro para fora, além de recriar o seu próprio corpo original (o britânico branco, não o asiático) para si. Além disso, Kwannon também reapareceu de volta em seu corpo original, mas com os mesmos poderes que popularizaram a Psylocke – as armas psiônicas.

Toda essa confusão de troca e devolução de corpos e de etnia, como apontamos, é vista como extremamente problemática. Pra começar, por anos, a Psylocke era uma das poucas heroínas “asiáticas” relevantes da Marvel, em uma indústria que sempre teve a ausência de personagens que não eram homens brancos. E, aí, uma das poucas personagens asiáticas era na verdade uma mulher branca vestindo o corpo de uma mulher de cor.

Para muitas pessoas asiáticas, a personagem foi, sim, uma forma de representá-las – mesmo que só externamente e de forma problemática. E então, com Betsy de volta ao seu corpo branco, as pessoas que se viam nela também perderam uma heroína para representá-las.

E é aí que tudo muda nesse novo anúncio da SDCC. Além de termos Betsy assumindo novamente o papel de Capitã Britânia (retornando às suas origens físicas e nacionais), os editores dos X-Men também anunciaram uma outra revista chamada Fallen Angels (Anjos Caídos), que teria como protagonista uma nova Psylocke. Não Betsy Braddock, mas a verdadeira ninja asiática: Kwannon. Já que Kwannon foi o rosto por trás do nome ‘Psylocke’ por tanto tempo, nada mais justo que ela reclame esse codinome para si.

Dessa forma, agora a Marvel parece querer consertar (ou pelo menos compensar) toda essa bagunça étnica e cultural, dando espaço tanto para a Psylocke original, já amada por muitos, de volta às suas origens como mulher britânica (e livre de toda a apropriação cultural e racial), quanto para a ninja asiática que teve seu corpo e mente “abusados” por tantos anos. Ambas como protagonistas de suas histórias. Para os fãs, o melhor dos dois mundos. Ninguém sai perdendo.

A primeira edição de Excalibur sai em outubro nas comic shops americanas e plataformas digitais. A equipe será liderada por Betsy Braddock, a nova Capitã Britânia. O roteiro fica por conta de Tini Howard (Thanos) e arte de Marcus To (X-Men Blue).

Também em outubro, Fallen Angels terá sua primeira edição publicada lá fora. A protagonista da história será Kwannon, assumindo o manto de Psylocke. O roteiro é de Bryan Edward Hill (Killmonger) e arte por Szymon Kudranski (Justiceiro).

E aí, leitor, o que achou das novidades? Ansiosos para a nova fase das duas personagens? Comenta aí!

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