O alucinante final de Dan Slott em Homem-Aranha

A despedida de Dan Slott no Homem-Aranha teve toda a grandiosidade que o momento pede. A história, de quase 80 páginas, serviu para mostrar todo o clímax do confronto entre o herói aracnídeo e o Duende Vermelho, nova identidade vilanesca assumida por Norman Osborn. A espera, definitivamente, valeu a pena.

A trama progride de forma gradual e é dividida em capítulos, nos quais cada parte é desenhada por um artista convidado diferente.

O primeiro capítulo é ilustrado por Nick Bradshaw (Wolverine e os X-Men) e serve para preparar o leitor. Aqui encontramos Clash, Tocha Humana, Teia de Seda, e o Miles Morales desacordados e um Anti-Venom ferido tentando ajudar, após o confronto com o Duende Vermelho na edição anterior.

Podemos ver também como John Jonah Jameson, Harry Osborn e Eddie Brock, por exemplo, também estão se articulando para auxiliar o Homem-Aranha nesse enorme desafio. Vale lembrar que o Duende Vermelho não possui as fraquezas normais de um simbionte, ele não fraqueja perante o som intenso ou fogo, nem desperta o sentido de Aranha do herói.

O segundo capítulo conta com a arte de Humberto Ramos (Campeões, Homem-Aranha), e aqui acompanhamos algumas pessoas ligadas à vida particular de Peter Parker sendo atacadas.

A primeira é Mary Jane, mas para a sua surpresa, Venom surge em sua proteção. Logo na sequência é a vez da Tia May, que é atacada por Normie Osborn, neto de Norman, agora também um hospedeiro do Carnificina. O jovem tenta pegar a mãe de Peter, mas é detido pelo Otto Superior.

 

Enquanto isso, Parker chega para ajudar Eddie Brock a salvar a MJ, quando então descobre que a Tia May estava sendo atacada naquele momento. Peter recebe o simbionte do Venom emprestado por Brock, para ter mais poder de fogo na batalha contra Osborn.

Norman e Normie estavam batalhando e não apenas contra Otto Octavius, mas também contra Jameson que, controlando a distância um robô Esmaga-Aranha, se juntou ao confronto para ajudar. O Aranha chega no local, mas os Duendes já haviam ido embora, Otto estava incapacitado e o próprio Peter quebra o robô de Jonah.

Chegamos então ao terceiro capítulo, desenhado por Giuseppe Camuncoli (Darth Vader), e que é mais focado nos laços familiares. Harry tenta deter seu pai e é agredido, na sequência Norman tenta matar Liz Allen. Vendo seu pai e sua mãe sendo atacados pelo avô, Normie se revolta e ataca o Duende Vermelho.

É a oportunidade para o Homem-Aranha começar de fato a grande batalha final contra o seu nêmesis definitivo. Enquanto isso, Harry e Liz ficam com Normie.

O quarto capítulo, desenhado por Stuart Immonen (Novos Vingadores) e chamado “O Triunfo do Duende Vermelho” é onde todo o clímax se desenvolve.

Norman Osborn vs Peter Parker. O vilão joga na cara do herói tudo o que já fez, como já feriu todas as pessoas que são importantes para ele, derrotando inclusive os ditos super-heróis. 

Peter contudo, não está sozinho. Não ainda. Flash Thompson, o Anti-Venom, ainda está de pé. E ele recém descobriu que seu maior-herói é o garoto com quem praticava bullying na escola. Para acalmar o amigo nesse momento, Parker é bastante claro: ele conseguiu esquecer as diferenças com o Octopus e o Venom nessa noite, Flash já foi perdoado faz muito tempo.

O alter-ego do Anti-Venom tenta usar os seus poderes para queimar de vez o simbionte de Norman Osborn, mas vendo o amigo levando a pior, o Aranha surta e deixa o Venom assumir o controle. Já era tarde, ele consegue afastar o vilão, mas o estrago já estava feito.

Flash Thompson morreu, e as suas últimas palavras foram: “As pessoas precisam de você. Eles precisam de… Peter Parker … o Espetacular Homem-Aranha. Meu herói. Meu amigo“.

O Duende Vermelho, arremessado pelo Aranha, acaba indo parar em plena Time Square, e para mostrar toda a sua loucura, começa a atirar bombas para todos os lados, certamente matando muita gente no processo, percebendo que a morte de qualquer pessoa pode fazer mal a Peter.

O confronto volta para o mano a mano, o Duende levou a melhor e está prestes a matar o Aranha, mas Peter se aproveita do descontrole do vilão e faz um jogo mental, atingindo-o em seu calcanhar de aquiles: o Ego. O herói fala que vai morrer, mas que seu assassino não será Norman Osborn, mas Cletus Kasady o Carnificina.

Norman não aceita essa falha, ele quer receber esses créditos e se livra do simbionte. E agora, sendo apenas o Duende Verde, as coisas ficaram muito mais fáceis. O vilão foi derrotado, estava no chão, todo ferido, quando surge  John Jonah Jameson.

O ex-Editor-Chefe do Clarim Diário cansou de culpar o Homem-Aranha por todos os seus problemas e sabe que o vilão vai sempre retornar. Então ele mesmo pretende encerrar tudo, matando Norman Osborn com um tiro. Contudo, Peter fica na frente do tiro e salva o vilão. Jonah pergunta o motivo dele ter feito isso, e a resposta de Peter não poderia ser outra:

Porque eu devo. Isso é quem eu sou. Porque com grandes poderes também devem vir grandes responsabilidades. Para todos. Até mesmo para o pior de nós“.

O quinto e o sexto capítulos são desenhados novamente por Camuncoli, e mostram o destino de Osborn. Internado em Ravencroft, a psique de Norman se consumiu, e na casca do que outrora foi o arqui-inimigo do Aranha, reside um ensandecido Cletus Kasady, o hospedeiro original do Carnificina, que acredita que o herói aracnídeo seja Norman Osborn.

Enquanto isso, nos laboratórios da Alchemax, o jovem Normie é aparentemente curado e limpo dos resquícios do simbionte (ou pelo menos todos acreditam que ele foi).

O sétimo capítulo é desenhado por Marcos Martin (Homem-Aranha) e é o velório de Flash Thompson. Acredito que o desabafo abaixo de Peter resume toda essa parte da história:

Você era um bully. Meu bully. Quando penso em todos os armários em que você me trancou … mas aí que está … bullies não saem do nada. Alguém sempre os machuca primeiro. Eu não descobri isso sobre você, Flash, até anos depois. Um dia, tudo mudou. Você me disse que encontrou um herói para admirar. E você começou uma vida no serviço militar. Ajudou seus companheiros. Salvou tantas vidas. Protegeu os outros de maneiras que as pessoas nunca saberão. Você se tornou um homem de quem todos nos orgulhamos. E eu? Eu me vi um pouco bully de vez em quando. Tirando sarro dos outros. Chacoalhando suas gaiolas. Dizendo a mim mesmo que eles mereciam isso. Eu quero que você saiba que eu quero mudar. Por causa de você, Eugene “Flash” Thompson. Eu espero que você possa se orgulhar de mim. Eu sei que você é meu amigo, mas há algo que eu nunca te disse. Eu sou seu fã número um. Você é o herói que eu procuro ser

E as coisas, dentro do possível, voltam a normalidade. O Homem-Aranha salvando o dia.

Mas para a nossa surpresa, assim como nos filmes da Marvel, tivemos uma cena pós-créditos, desenhada por Mike Hawthorne (Deadpool). Em São Francisco, há um novo cientista na Universidade Horizonte. Mas não qualquer cientista, vamos apenas dizer que é um cientista superior aos demais.

Esse foi o desfecho da história de Dan Slott no Homem-Aranha, ele ainda vai escrever a edição de número 801, mas provavelmente apenas para encerrar algumas situações. E tendo em vista que será ilustrada por Marcos Martin, é possível que o foco seja em Flash.

Foram cerca de 10 anos escrevendo o Homem-Aranha, cerca de 300 edições escritas. Slott encerra com chave de ouro a sua passagem pelo título. Com uma história marcante tanto na sua grandiosidade quanto na sua questão pessoal.

É muito bacana ver todas as pessoas querendo ajudar o Aranha no seu momento mais delicado. Até os vilões Octopus e Venom buscaram dar apoio, cada um com suas motivações, mas atuando por causas boas. E isso só foi possível por causa do Homem-Aranha.

E também não dá para dizer que essa foi uma história puramente de ação. A cena transcrita acima, do funeral, é de uma sensibilidade enorme. Eu mesmo chorei enquanto lia essa cena. Impossível não se emocionar, principalmente se você está ciente do desenvolvimento que o personagem recebeu nos últimos anos.

Isso me faz pensar o que Slott está preparando para a edição 801, não sei se terei condições emocionais para ler a HQ. Enfim, é a despedida de Dan Slott, foram altos, baixos e uma qualidade constante. Deixará um enorme legado para a franquia.

Já na arte, todos os colaboradores dessa edição foram ótimos, cada um trouxe a sua identidade e ajudaram a contar uma história grandiosa. Mesmo quem não gosta do Humberto Ramos, não foi bacana ver ele voltando ao título após alguns anos ausente?!

O Espetacular Homem-Aranha #801, será lançada no dia 20 de junho e contará com roteiro de Dan Slott (Quarteto Fantástico) e arte de Marcos Martin (Homem-Aranha).

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