Entrevista com o brasileiro Rod Reis, desenhista da saga Império Secreto

Toda primeira sexta-feira do mês o site estará trazendo entrevistas exclusivas feitas com diversos profissionais que possuem alguma relação com a Marvel. Para inaugurar essa sequência, começamos com desenhista Rod Reis (Império Secreto).

Bom, sem mais delongas, vamos para a entrevista:

JAMESONS: Rod Reis, para iniciar, gostaríamos de saber quais são os principais artistas que te inspiraram a seguir profissionalmente, tanto no meio dos quadrinhos quanto fora. E de que forma esses profissionais impactaram no seu traço?

ROD REIS: Gosto muito dos ilustradores dos anos 60 como Coby Whitmore, Bob Peak, Robert McGinnis e essas referencias de pulp, publicidade e moda. Tudo isso também faz parte do background de artistas como Phil Noto, Paul Azaceta, Bill Sienkiewicz e Mike Del Mundo que me influenciam muito também.

JAMESONS: Você passou um bom tempo trabalhando na DC e hoje está fazendo um grande trabalho na Marvel. Diversos profissionais apontam que existem diferenças bem significativas entre as duas editoras. Recentemente o autor Brian Michael Bendis declarou que apesar de as duas editoras terem abordagens de trabalho diferentes, não se trata de uma ser melhor do que a outra, é que cada uma tem a sua forma de trabalhar. De que forma você, que já trabalhou nas duas editoras, enxerga isso? Poderia contar um pouco de como é a sua logística na Marvel?

ROD REIS: Eu acho que a DC tem um plano editorial melhor, mais conciso. Mas acho que a Marvel arrisca mais com artistas com estilos bem diferentes, enquanto a DC tem um estilo mais definido de arte. Quanto à organização, as duas tem defeitos e qualidades, assim como Editores bons e Editores ruins. Eu sempre tive muita sorte na Marvel, trabalhando com Editores que confiaram no meu trabalho e até agora está funcionando muito bem.

JAMESONS: Nessa sua atual passagem pela Marvel você tem acumulado trabalhos bem importantes com uma leva razoavelmente nova de escritores na editora, como: Saladin Ahmed (Exilados), Nick Spencer (Império Secreto), Donny Cates (Dr. Estranho), Gerry Duggan (Guardiões da Galáxia) e atualmente Kyle Higgins (Soldado Invernal). Como foi trabalhar com esse pessoal? Teve alguma revista que você gostou mais de desenhar?

ROD REIS: Todos projetos que eu participei na Marvel foram muito divertidos, principalmente Dr. Estranho e agora o Soldado Invernal, mas no geral, acho que por causa do meu traço, a Marvel sempre me coloca em projetos onde eu posso brincar com a arte e fazer coisas interessantes.

JAMESONS: Em termos de arte, como está sendo trabalhar nessa nova minissérie do Soldado Invernal? Veremos o Bucky com um visual mais semelhante às HQs, ao do MCU ou você está desenvolvendo um visual novo? Na capa da primeira edição, que você desenhou, podemos ver o herói empunhando uma arma bastante grande enquanto dirige uma moto. Esse tom exagerado pode nos dar uma dica sobre a tônica da HQ?

ROD REIS: Essa capa com a arma grande foi um teste que foi usado pra promover a revista, mas o tom que o Kyle quer pra revista é mais intimista, então eu refiz a capa com uma arma de tamanho mais normal. Com certeza eu vou brincar com designs quando eu puder e mudar alguma coisa ou outra, mas sempre quando estiver de acordo com o clima da estória que é bem mais pé no chão.

JAMESONS: Salvo engano, você começou no meio dos quadrinhos americanos como colorista e hoje está despontando e sendo reconhecido como desenhista. Como seu histórico como colorista afeta a maneira que você pensa o desenho? Isso também molda de alguma forma sua composição de quadros e também a diagramação das suas páginas?

ROD REIS: Sim, comecei como colorista na DC, onde trabalhei por quase 15 anos, mas a vontade de desenhar sempre esteve comigo, dormente por um tempo até que apareceu a chance de trabalhar com desenho também. Trabalhando como colorista eu tive a chance de colaborar com diversos artistas e com isso aprendi bastante estudando os estilos e prestando atenção em como cada um trabalhava a narrativa e composição. Outra coisa que faz muita diferença é trabalhar a cor no meu trabalho atual, porque eu aprendi a deixar o trabalho de outros artistas melhor com a cor e hoje posso fazer o mesmo, mas com meu próprio desenho.

JAMESONS: Além de artista de quadrinhos, você também é DJ. Seu trabalho visual e sonoro conversam de alguma forma? Existe influência de um lado para o outro? Você já pensou em fazer trabalhos no audiovisual?

ROD REIS: Eu amo música tanto quanto eu amo quadrinhos, pra mim funciona como outro meio de me expressar artisticamente, mas essa parte é muito mais um hobby do que trabalho. Acho que as duas partes conversam sim, mas de forma sutil e não muito intencionalmente, apesar de que quando eu posso referenciar as música na minha arte e nos quadrinhos, eu sempre faço.

JAMESONS: Você já possui algum projeto agendado para após a minissérie do Soldado Invernal? Se sim, poderia nos dar alguma dica? E também, qual é o personagem ou equipe que você mais admira na Marvel e qual a sua ligação com ele?

ROD REIS: Não tenho nada certo depois do Soldado Invernal. Gostaria muito de trabalhar de novo com o Dr. Estranho, assim como Demolidor, Cavaleiro da Lua e Thor.

JAMESONS: Você, como brasileiro e um dos desenhistas da saga Império Secreto, acaba por estar numa posição estratégica para responder essa pergunta, então não podemos deixar de fazê-la: você consegue enxergar alguma relação entre a saga Império Secreto e o nosso cenário político nacional atual?

ROD REIS: Essa ascensão da extrema direita e neo fascismo está ocorrendo em diversos países e nós também estamos passando por isso, então acho que a crítica do Nick Spencer vale um pouco para o Brasil também por tratar de temas universais. As artes são muito importantes em regimes muito conservadores e autoritários, são uma forma de crítica e resistência.

Agradecemos muito a atenção e disposição do desenhista Rod Reis em nos conceder essa entrevista. Ele é mais um dos grandes nomes brasileiros que faz sucesso lá nos Estados Unidos.

Na primeira sexta-feira do mês que vem teremos uma nova entrevista, dessa vez com um roteirista bem conhecido dos fãs mutantes. Aguardem.

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